Mais Incerteza

    por José Viegas Filho

Espera-se a divulgação de novas pesquisas eleitorais para os próximos dias e comenta-se que elas apontarão novo crescimento da candidatura de Marina Silva, que poderia ter encostado em Dilma Roussef no primeiro turno e estaria à frente em um provável segundo turno, já além da situação de empate técnico.

Mas ainda é a incerteza quem domina. Não só a terrível morte de Eduardo Campos afetou fortemente o emocional do eleitor, mas, principalmente, afetou como uma bomba o panorama da eleição. De repente Marina Silva viu-se projetada à condição de titular da candidatura do PSB e todos se viram mergulhados na surpresa e obrigados a reinventar suas próprias campanhas.

Quem poderia imaginar que Marina Silva surgiria subitamente como a variável-chave do momento político brasileiro? Quem poderia imaginar que ela alcançaria o que a Eduardo estava parecendo tão difícil: impor-se ao país como a candidata da mudança?

Uma das poucas coisas relativamente certas neste vale de incertezas é que a força política que ela vem mostrando deriva diretamente do fato de ser ela quem melhor personifica essa atitude e de ser esse espírito de mudança o que mais influi na direção do vento que sopra sobre as eleições.

Por um lado, a evolução da economia, que parece apontar para a caracterização de uma recessão, não ajuda a Presidenta. Por mais que o seu programa eleitoral mostre uma pletora de realizações na área da infra-estrutura e da inclusão social, a ausência de uma política econômica definida e bem estruturada, além das persistentes taxas nanicas de crescimento, dão um ar de irrealidade às imagens difundidas.

Por outro lado, a escolha de Beto Albuquerque deu equilíbrio à chapa socialista e a própria Marina tem-se empenhado em trilhar o caminho da mudança e da nova maneira de fazer política, ao mesmo tempo em que busca desfazer-se da imagem de radical empedernida que a vinha acompanhando.

Tudo está ainda muito incerto. Aécio Neves é, certamente, o candidato mais simpático, mas a simpatia será, neste momento, um fator decisivo? Conseguirá ele firmar-se como favorito dos empresários e fazer valer eleitoralmente essa condição? Os 14 minutos do programa eleitoral da Presidenta conseguirão reforçar sua imagem e seu prestígio? E, sobretudo, como se desenvolverá a campanha de Marina Silva? A surpresa se confirmará? Ela conseguirá convencer o empresariado de seus méritos e bondades? Conseguirá domar o monstro da governabilidade?

Temos muito ainda a que assistir.

Beto Albuquerque e Marina Silva – Foto: Fernando Donasci / Agência O Globo

 

José Viegas Filho, embaixador aposentado, foi ministro da Defesa

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