10 lições da Copa para o amor e o sexo

Por Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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O amor não é apenas lindo, o amor decide o jogo. Repare ai em uma das melhores imagens da  fofolândia da Copa: o craque alemão de nome impronunciável correndo para a o encontro da namorada Sarah, na arquibancada da Arena Pernambuco. Tanto amor assim só poderia ser no lugar mais romântico do Brasil: SaintLaurent de la Forêt (pronuncia-se com biquinho sexy), no Grande Recife.

O futebol é mesmo, amigo, metáfora para tudo. Não à toa, o escritor, filósofo e goleiro Albert Camus, nascido na Argélia que vai zebrar hoje a Alemanha, dizia: tudo que aprendi sobre moral foi com o jogo de bola.

Sobre amor e sexo os episódios copeiros têm muito o que nos ensinar também:

1) Ser um MacunaEmo, como diria meu amigo Ortinho, não é uma boa nem no futebol muito menos no relacionamento. Macunaemo vem a ser aquele cara que tem a preguiça do Macunaíma (vide o livro de Mário de Andrade) e o chororô de um roqueiro Emo, como têm sido os meninos da Seleção Brasileira. Essa combinação não funciona em campo e muito menos na cama.

2) Um anti-herói, como o homem feio, por exemplo, sabe tirar proveito do fato de não ter a obrigação do triunfo. Repare no caso da Costa Rica, tranquila até na hora de cobrar pênaltis. A desobrigação da vitória é o segredo. Ter a consciência daquilo que dizia o cantor e compositor francês Sérge Gainsbourg: a feiura tem uma grande vantagem sobre a beleza. A feiura é para sempre. A beleza é passageira.

3) Vida experimental, arte experimental. Você tem que ser dentro de campo ou no relacionamento como é lá fora. Vide o caso dos holandeses. Não têm essa prisão toda das concentrações, vivem normalmente durante a Copa, com direito a animadas rodinhas no liberadíssimo posto 9 em Ipanema.

4) Sem dentada não há amor, como dizia o tio Nelson. Em campo, porém, configura uma quebra no código do faroeste e das brigas dos machos, como acertou magistralmente o Marcos Augusto Gonçalves. Daí o espanto diante da atitude do uruguaio Luisito Suarez. Em suma, você, caro amante, não pode ir metendo os caninos canibalísticos dos índios caetés em qualquer um(a). Tem que ir experimentando de leve, pra sentir se o outro(a) aprecia uma mordida gostosa de amor.

5) Não faça cera com a moça ou moço. Você pode pagar o preço que os dramáticos mexicanos pagaram com a Holanda. Se não quer, não enrola, ora bolas.

6) Comer quieto ainda é a grande lição no bacanal da existência. Mire-se no exemplo dos colombianos.

7) No sexo, nem sempre os bambuais do kamasutra e outros malabarismos são sinônimos de eficiência. Veja como joga o Messi. Direto, reto, com beleza mas sem muito enfeite.

8) Fama de comedor ou de devoradora não leva ninguém obrigatoriamente à glória. É só reparar no destino dos canastrões italianos. Não foram além da ejaculação precoce.

9) Hotel, lua de mel, sarapatel é sim em Salvador, caro Chico. A Bahia é a terra dos recordes de gols, o orgasmo do futebol. Dê uma inovada, leve sua mina ou o seu rapaz para uns inspiradores beijos de língua no fértil Dique do Tororó e alhures.

10) Segundo as denúncias das senhores e senhores de Santana, a vila Madalena, bairro boêmio de SP, virou Sodoma & Gomorra. Tem droga e até sexo na rua, reza a cartilha careta. Imagina em Copacabana, ai de mim Copacabana.

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