Água Preta: denúncia de politicagem em programa federal

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Após vistoriar, na última segunda-feira (29), as condições dos principais prédios públicos de Água Preta, na Zona da Mata Sul do Estado, o vereador Minel (PRP), da bancada de oposição ao prefeito Eduardo Coutinho (PSB), convidou a nossa equipe de reportagem para apurar, segundo ele, “uma denúncia ainda mais séria.”

 

O parlamentar nos guiou até uma rua situada nas margens do Rio Una, responsável pela enchente que, em 2010, devastou cerca de 80 cidades de Pernambuco e Alagoas. Lá, fomos apresentados ao senhor José Luiz da Silva, de 53 anos, que, entre trancos e barrancos, mantém, com orgulho, um pequeno ponto de venda de comidas e bebidas.

 

Ao ver a nossa reportagem, o comerciante saltou da cadeira onde estava sentado e, sem meias palavras, pediu ajuda para o que chamou de “Minha Casa, Meu Voto”, um trocadilho com o nome do programa do Governo Federal “Minha Casa, Minha Vida”. Mas ao contrário do que possa parecer, o jogo de palavras não constitui uma brincadeira.

 

José Luiz conta que os recursos destinados pela União para construção de moradias para as famílias diretamente afetadas pela enchente estão sendo empregados corretamente. O problema, segundo ele, está no cadastramento e distribuição dessas casas.

 

O comerciante conta que em Água Preta, as construções do “Minha Casa, Minha Vida” estão servindo como moeda de troca na compra de votos por parte de integrantes da prefeitura. Segundo ele, “quem não vota no 40 [número oficial do PSB, partido do atual prefeito] não está recebendo sua casa. As equipes de Assistência Social até passam por aqui. Coletam nossos dados e tudo. Mas quando chega lá [na prefeitura], jogam a gente no lixo, numa fila de espera eterna”.

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Durante a nossa conversa fomos interrompidos por outro morador. O aposentado José Marinho dos Santos, de 70 anos, nos trouxe um relato parecido com o do senhor José Luiz da Silva, mas com uma importante diferença: segundo ele, no cadastro realizado pela equipe de Assistência Social do município consta o recebimento, em dezembro do ano passado, de uma moradia a ser entregue pelo “Minha Casa, Minha Vida”.

 

Indignado com a situação, o aposentado fez questão de nos levar até a sua casa. No local, com a voz embargada, ele disse: “O senhor me diga, isso daqui se parece com aquelas casas lá de cima? Isso daqui é um lugar decente para se viver? Agora veja só, a gente continua morando na beira do rio, sujeito a todo tipo de coisa, só porque não votamos nele [no prefeito Eduardo Coutinho]. Quem votou, mesmo sem precisar, já recebeu”.

 

Questionada sobre os fatos apresentados na matéria, a Prefeitura de Água Preta informou que a entrega das casas relativas ao programa “Minha Casa, Minha Vida” é realizada pelo Governo de Pernambuco e que os trâmites legais ficam sob responsabilidade da Caixa Econômica Federal. A administração municipal reiterou, ainda que, de acordo com o regulamento oficial do programa federal, não possui autoridade para distribuir imóveis.

 

A prefeitura disse ainda que o município, hoje, “sofre com atos de politicagem, quando o que mais precisa, na realidade, é que os vereadores, da oposição e situação, unam forças para ajudar a reerguer a cidade”. Por fim, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Água Preta negou “todo e qualquer ato ilegal”, assim como o favorecimento na distribuição das casas vinculadas ao “Minha Casa, Minha Vida”.

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