por José Inácio Werneck – Bristol
Para quem mora longe, as notícias que chegam no momento do Brasil não são das mais animadoras. A economia dinâmica dos últimos anos parece declinar, reuniões como a do Brics na África do Sul rendem mais retórica do que efeitos práticos, a inflação reaparece, as obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada são adiadas ou esquecidas, estádios já construídos são interditados por medo de desabamento.
Há algum tempo o Secretário-Geral da FIFA, o senhor Valcke, disse que o Brasil precisava “levar um chute na bunda”. Palavras deselegantes, sem dúvida, mas no momento já é possível desconfiar que ele tinha razão.
Nos últimos dias jornais influentes como o New York Times e o Financial Times se ocuparam do que consideram graves problemas na Petrobrás, que passou a importar gasolina em quantidade crescente. O Brasil está importanto até mesmo álcool combustível para veículos, um campo em que já foi pioneiro.
É difícil discutir com números que mostram que nosso crescimento econômico, que era de 7,5% ao ano em 2010, passou a menos de 1% no ano passado. Voltamos a ficar atrás do Reino Unido no ranking das maiores economia do mundo, depois de ultrapassá-lo por um fugaz período, embora a terra da Rainha esteja em recessão. Peru e México são as novas estrelas latino-americanas em desenvolvimento econômico.
Segundo o NYT, a Petrobrás perdia em tamanho apenas para a Exxon-Mobil, mas agora vale menos do que a petrolífera estatal colombiana.
Como os preços são controlados pelo governo, a Petrobrás é obrigada a comprar gasolina estrangeira e colocá-la à venda no Brasil por preço abaixo do custo.
Há poucos anos havia a euforia do pré-sal. Mas a produção do petróleo na plataforma continental está atrasada, como tantas outras coisas, e a esperança de produzir 5,1 milhões de barris por dia parece ter sido relegada para a próxima década.
O NYT escreve também que a produção da Petrobrás caiu em dois por cento no ano passado. As previsões são de que caiam outra vez em 2013.
Para tornar o panorama mais complicado, há a tendência mundial de extrair petróleo e gás do xisto betuminoso, encontrado em largos depósitos no Canadá, nos Estados Unidos e, em menor quantidade, no Brasil. A Petrobrás talvez venha a descobrir que a insistência no pré-sal não paga a conta.
Uma conta que no momento ela vem pagando para manter vivas as nossas a esta altura combalidas esperanças de enfim entrarmos no Primeiro Mundo.