Eliane Cantanhêde
Estadão
Apoiados por manifestantes e cartazes, representantes da Força Islâmica entregaram hoje, 7/11, ao ministro conselheiro André Cortez, do posto brasileiro em Ramallah, na Palestina, um manifesto repudiando a proposta do presidente eleito Jair Bolsonaro, de mudar a embaixada do Brasil em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém. ”Brasil, respeite para ser respeitado”, dizia uma das faixas. “Brasil reconhece Palestina com fronteiras desde 1947”, defendia outra. “Transferir embaixada para Jerusalém desrespeita resolução da ONU”, pregava uma terceira.
Além da embaixada de Israel, instalada em Tel Aviv, o Brasil mantém o posto em Ramallah em respeito à Palestina e como demonstração de neutralidade diplomática no conflito no Oriente Médio.
EUA E GUATEMALA – Só dois países mantêm suas embaixadas de Israel em Jerusalém: os Estados Unidos, por recente e polêmica decisão do presidente Donald Trump, e a Guatemala. O Paraguai, que chegou a transferir sua embaixada, voltou atrás.
Ao anunciar a transferência da embaixada depois da posse, Bolsonaro já provocou retaliações do Egito, um dos países mais moderados do mundo árabe, que simplesmente cancelou abruptamente uma visita do chanceler Aluízio Nunes Ferreira e de uma comitiva de empresários brasileiros que têm negócios na região.
Diante das reações, Bolsonaro disse que ainda pode rever sua intenção e tomou duas providências: apressou a escolha do futuro chanceler e está selecionando um assessor especialmente para a área externa. Já não era sem tempo.