Um grupo de policiais dirigiu-se nesta quinta-feira ao prédio onde se localiza a residência da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner (2007-2015) em Buenos Aires para realizar os procedimentos de busca e apreensão.
A operação começou na presença do juiz Claudio Bonadio, que ordenou a busca em três residências de Kirchner no caso que investiga propinas milionárias em troca de contratos de obras públicas.
A operação transcorre no exclusivo bairro de Recoleta, com várias patrulhas policiais e um cordão de isolamento no prédio da ex-presidente.
O procedimento de busca e apreensão ainda não teve início em outras duas propriedade de Kirchner, uma em Río Gallegos e outra em El Calafate, no sul do país.
O Senado da Argentina autorizou na noite de quarta-feira a revista das residências de Cristina Kirchner.
A autorização teve o aval de todos os 67 senadores presentes na sessão, inclusive a própria Cristina Kirchner. Não houve abstenções.
A revista foi solicitada pelo juiz Claudio Bonadio, já que a ex-presidente, eleita senadora em 2017, tem foro privilegiado e, como senadora, não pode ser detida, embora possa ser acusada e condenada.
Em carta aos diferentes blocos do Senado, divulgada na terça-feira, Kirchner se declarou disposta a permitir a revista às suas residências, embora tenha pedido que proíbam a presença de câmeras durante o procedimento.
Também solicitou que estivessem presentes seus advogados e um senador durante os procedimentos.
Esses pedidos, especialmente o de impedir a divulgação de imagens, foi apoiado por vários congressistas com o argumento de resguardo da intimidade.
De acordo com os cálculos iniciais, a trama de subornos poderia implicar cerca de 160 milhões de dólares.
A ex-presidente, da corrente de centro esquerda peronista e que sucedeu seu marido Néstor Kirchner no cargo em 2007, é a pessoa de mais alto escalão envolvida no chamado “Escândalo dos cadernos”, que investiga supostos subornos de importantes empresários entre 2005 e 2015 para obter contratos de obras públicas.
Segundo os cálculos iniciais, a trama das propinas poderia implicar cerca de 160 milhões de dólares.
A causa judicial começou há um mês baseada em anotações feitas por um ex-motorista do Ministério de Planejamento, Oscar Centeno, que supostamente fez percursos por Buenos Aires durante 10 anos levando e trazendo sacolas carregadas de milhões de dólares.
O juiz busca pistas sobre onde poderia ter ficado o dinheiro, aparentemente sempre recebido em espécie.
As anotações do motorista logo se somaram às confissões de vários empresários detidos que decidiram ir à Justiça na condição de arrependido, assim como, recentemente, ex-funcionários do governo de Néstor (2003-2007) e Cristina Kirchner.
Além deste caso, Cristina Kirchner enfrenta outros cinco processos por suposto enriquecimento ilícito e por encobrimento de iranianos acusados pelo atentado à mutual judaica AMIA em 1994, que deixou 85 mortos e 300 feridos.