Negociação anunciada por Marina é ‘fake news’, diz presidente do PSB

Para Carlos Siqueira, Rede destruiu pontes quando rompeu com governadores socialistas

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, durante entrevista – Givaldo Barbosa/Agência O Globo

POR MARIA LIMA – O Globo

BRASÍLIA — Depois de a pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, ter anunciado que negociava uma aliança com o PSB, o comando da sigla socialista reagiu nesta terça-feira e negou qualquer aproximação com a ex-senadora. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, classificou a afirmação de Marina de “fake news”, uma possibilidade que não passaria de “sonho” de Marina.

Durante um evento na segunda-feira, em São Paulo, Marina disse ter aberto conversas com o PHS, o PMN e o PSB. Apesar das declarações da pré-candidata, nas últimas semanas o partido comandado por Siqueira passou a fazer sinais públicos de aproximação à candidatura do pedetista Ciro Gomes.

— É fake news total (a aproximação com Marina). Nós sempre tivemos ótimas relações com a Rede, mas eles decidiram romper com três governadores do PSB de forma unilateral. A Rede passou a ser oposição ao PSB no Distrito Federal, Pernambuco e Paraíba. Por isso, uma aliança não passará de um sonho — diz Carlos Siqueira ao GLOBO.

Na mesma linha de Siqueira, os governadores do PSB ficaram surpreendidos pelo rompimento da Rede. O caso de Pernambuco é emblemático, dizem, porque foi um dos poucos estados onde ela venceu na eleição de 2014. O candidato a governador no estado pela Rede é o ex-prefeito de Petrolina, o ex-medebista Júlio Lóssio, adversário ferrenho do senador Fernando Bezerra (MDB), o atual comandante da legenda em Pernambuco.

— A Rede se afastou do nosso governo sem dar uma razão clara. Tínhamos uma relação política de diálogo com Marina. Fazíamos conversas periódicas com ela e com a Rede. Sérgio Xavier, importante quadro da Rede, inclusive, fazia parte da nossa gestão como secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade. Foi um grande parceiro nosso, sério, comprometido. Sérgio deixou a secretaria sem compreender bem as razões que levaram a esse rompimento. Esse afastamento foi uma escolha da Rede, que não entendemos e só podemos aceitar — disse nesta o governador de Pernambuco, Paulo Câmara.

A nível nacional, entretanto, uma aliança com Marina é muito pouco provável. O PSB de Pernambuco negocia uma aliança com o PT do senador Humberto Costa, inclusive para retirar do páreo a pré-candidata petista ao governo, Marilia Arraes, prima de Eduardo Campos.

Mais assertivo que Paulo Câmara, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, diz que já trabalha para que o PSB apoie Ciro Gomes e para que o partido indique como seu vice o ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda. O governador do DF diz que respeita e tem muito carinho por Marina, que é “uma grande referência”, mas apesar de a Rede ocupar lugar de destaque em seu governo desde o início, ocupando cargos como a Secretaria do Meio Ambiente, o comando do partido resolveu, de uma hora para outra, sair do governo, alegando que ficaria independente nas eleições.

— Me surpreendi. Eles queriam ficar independentes na eleição, mas não guardo nenhuma mágoa, nenhum ressentimento. Cada partido tem liberdade total para escolher seu caminho na eleição — disse Rollemberg.

O governador do Distrito Federal diz que o momento de se falar em uma aliança nacional para apoiar Marina já passou.

— Agora, o que percebo, é uma sintonia e um desejo maior dos principais quadros do PSB de apoiar o Ciro. Eu, pessoalmente, considero o melhor perfil para comandar o Brasil nesse momento. Estou defendendo que o PSB apoie Ciro e indique o Márcio Lacerda como seu vice. O Márcio é um excelente administrador, foi presidente da Frente Nacional de Prefeitos e é de um dos estados mais importantes da federação — defendeu Rollemberg.

Apesar das dificuldades colocadas no comando do PSB, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), diz que Marina não desistiu da reaproximação.

— As conversas cessaram, mas nada impede que sejam retomadas — disse o pré-candidato da Rede ao governo do Rio de Janeiro, Miro Teixeira.

Apontada como a única candidata com chances de vencer o pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL) num eventual segundo turno, segundo a última pesquisa do Datafolha, Marina não tem coligação com nenhuma outra legenda e busca uma composição para escolher seu vice.

No momento, Marina está negociação coligação com o Partido Humanista da Solidariedade (PHS) e Partido da Mobilização Nacional (PMN). Nenhum dos dois partidos tem representação no Congresso Nacional.

 

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