Das lembranças de um participante-testemunha para as páginas de um livro, um pouco da Guerrilha do Araguaia (1972-1975). A história é contada pelo psicólogo Dagoberto Alves Costa, 74 anos, no livro Memórias do Araguaia – Depoimento de um ex-guerrilheiro, publicado pela Cepe Editora. A obra será lançada no dia 8 de maio, às 19h, na Livraria Cultura do Paço Alfândega.
A publicação rememora os 52 dias em que Dagoberto esteve no campo de batalha – a região conhecida como Bico do Papagaio, uma área de 15 mil quilômetros quadrados entre os estados de Tocantins, Maranhão e Pará, no meio da selva. Outros 690 dias foram vividos na prisão, sob tortura, após ser capturado pelas Forças Armadas.
Na obra, o autor conta com detalhes como entrou no movimento de luta armada idealizado por militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que pretendia derrubar a ditadura vigente com o apoio dos camponeses e implantar no País um governo socialista como o que existia em Cuba e na China.
Segundo Dagoberto, a precariedade da guerrilha foi sentida na pele por ele e por muitos de seus companheiros – na maioria estudantes universitários vindos dos centros urbanos, quixotescamente armados, sem treinamento militar nem conhecimento para sobreviver na selva. E ainda sem o apoio dos camponeses, que não se envolveram nas questões políticas.
“O fato é que não havia a mínima estrutura para a guerrilha. Uma coisa é contar com a massa camponesa, outra é transportar estudantes dos centros urbanos, sem treinamento, sem logística, para uma região selvagem, onde, além de enfrentarem o Exército, tinham de lutar contra os perigos da floresta, os bichos, as doenças”, diz trecho do livro.