Acuado, assustado, gaguejando diante dos microfones da imprensa, cheio de “naturalmente”, “exatamente”, “lamentavelmente”, sem saber o que dizer, ouvindo gritos de “golpista!”, diante de mais uma tragédia, a deprimente figura de Michel Temer era o próprio retrato de um país sem governo, após o incêndio e o desabamento de um prédio em São Paulo.
Foi para isso que ele tramou desde a posse de Dilma Rousseff no segundo mandato para derrubá-la e tomar seu lugar?
Só para botar a faixa de presidente e receber os rapapés dos bobos da corte deslumbrados com o poder que lhes caiu no colo?
Alcançados os objetivos da aliança golpista para derrubar Dilma e jogar Lula numa cela solitária, Temer descobriu que não pode mais nem mais sair à rua.
Confinado nos Palácios do Planalto e do Jaburu, o que sobra para Temer fazer nos oito meses que faltam para terminar seu mandato?
Devem ser muitas as perguntas que o presidente está se fazendo neste momento.
“Eu não poderia deixar de vir aqui, sem embargo dessas manifestações, porque, afinal, eu estava em São Paulo e ficaria muito mal eu não comparecer aqui para dar exatamente apoio àqueles que perderam, enfim, suas casas”, limitou-se a balbuciar para os repórteres, cercado por uma multidão que gritava: “Nós queremos casas!”.
Se “ficaria muito mal eu não comparecer”, ficou muito pior ele ir embora correndo empurrado por seguranças, sem falar com as vítimas.
Que tipo de apoio o presidente da República poderia dar, se ele não manda mais nada e, do vice de Dilma que não queria mais ser, passou a ser um presidente decorativo?
Ao completar dois anos no poder que usurpou, cercado por denúncias de corrupção dele mesmo e do seu bando, desconfio que Temer deve estar profundamente arrependido.
Agora é tarde.
Vida que segue.