Desde terça-feira, quando o Superior Tribunal de Justiça negou um habeas corpus preventivo a Lula, o petismo e sua banca de advogados cultiva a esperança de que a Suprema Corte dará um jeito de retirar Lula do caminho da cadeia. Só assim seria evitado o incêndio que tomará conta do circo se o grão-mestre do PT for parar no xadrez. Decorridos três dias, Lula foi dormir na noite desta sexta-feira com a sensação de que seu circo já está pegando fogo. Cármen Lúcia não riscou o fósforo. Apenas forçou a exibição das cartas dos demais jogadores. Ao notar que blefavam, apressou o ritmo do pôquer, exibindo a pauta, seu Royal Straight Flush.
Insinuou-se que o decano Celso de Mello convenceria Cármen Lúcia a pautar a rediscussão da regra que autorizou o encarceramento de larápios após a condenação em segunda instância. Não convenceu. Alegou-se que Edson Fachin poderia submeter diretamente ao plenário o habeas corpus cuja liminar negou a Lula. Não submeterá. Sustentou-se que Ricardo Lewandowski levaria à mesa um par de habeas corpus que beneficiariam Lula por tabela. O ministro balançou. Mas, para desassossego de Lula, recuou. Lewandowski já concedera liminares nos tais habeas corpus. Levá-los de afogadilho ao plenário pegaria mal.
Depois que Cármen Lúcia arrastou suas fichas, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT e piromaníaca oficial da legenda, disse num evento partidário: “Querem prender Lula. E é exatamente para isso que se está caminhando”. Segundo ela, o PT ”não vai aceitar com normalidade” a prisão de Lula. Como assim? ”Não é que vamos fazer insurreição, grandes mobilizações. Mas não vamos aceitar calmamente.”
No mês passado, Gleisi dizia que, para prender Lula, seria necessário “matar gente”. Agora, fala apenas em perder a calma. Evoluiu! Matar gente é crime. Mas o nervosismo pode ser resolvido com um calmante.