Uma vez li que amor próprio não tem nada a ver com se manter longe de conversas confusas ou relacionamentos destrutivos. Na verdade, em quase nada tinha relação com a superfície dos sentimentos. Era algo mais parecido com uma reconciliação particular, um acordo íntimo, uma paz peculiar. E, quem um dia consegue sentir, sabe que tem muito mais a ver com uma harmonia de pensamentos do que com uma mistura de posturas que mais tentam atingir o próximo do que curar a si mesmo.
É bem verdade. Amor próprio não tem muito a ver com quem você é para o outro. É muito mais sobre quem você é quando ninguém mais está vendo. Tem a ver com a capacidade de estar sozinho e não se sentir só. Não diz muito respeito a se dar valor. É compreender que, nesta área, você não precisa discutir preços.
Amor próprio em nada tem a ver com quem consegue sair para mais festas ou registrar os melhores sorrisos. Tem a ver com chegar em casa à noite, sozinho, e agradecer por não ter problemas com quem você é durante o dia. É conseguir sossegar ao colocar a cabeça no travesseiro.
Depois de algum tempo, você também percebe que amor próprio é muito mais uma ideologia do que um ponto de vista. É lutar todos os dias, não com os outros, mas consigo: para conseguir desfazer alguns preconceitos e abrir a mente para outras perspectivas. É mais como contar até dez e respirar fundo do que ficar apenas suspirando pelos cantos. Diz respeito como aprender a ser forte quando não se tem mais forças. É entender que vão rir de você nos momentos difíceis e esnobar suas maiores conquistas. Até que você descobre como observar tudo e apenas deixa ir.
E, se você quer saber, amor próprio não coloca ninguém em um pedestal. Pelo contrário, joga todo mundo na selva. E é justamente nessa hora que alguns percebem que amor próprio, creia, não tem muito a ver em mostrar algo para quem quer que seja – por ressentimento ou vingança. É, simplesmente, aprender a fazer as pazes com você mesmo.
Malu Silveira