OS TRAIDORES– Nomes como os dos ex-ministros Mauro Lopes (Aviação Civil) e Alfredo Nascimento (Transportes), do PMDB e PR, respectivamente, encabeçam a lista que o Palácio do Planalto indicou como “traidores”. A maior surpresa, entretanto, foi o voto do deputado Adail Carneiro (PP-CE), que esteve com a presidente na véspera da votação, no sábado, a convite do governador do Ceará, Camilo Santana (PT). Garantiu voto contra, mas de última hora votou pelo impeachment. Na contabilidade do Governo, os deputados Nelson Meurer (PP-PR) e Toninho Wandscheer (PROS-PR) votariam contra e votaram a favor.
Dois contra um– No Senado, etapa final do processo de impeachment da presidente Dilma, dos três senadores de Pernambuco dois são votos fechados contra: Humberto Costa, pelos motivos óbvios (do PT e líder do Governo na Casa), e Douglas Cintra (PTB), ligado ao senador Armando Monteiro, licenciado para o Ministério do Desenvolvimento. A única dúvida recai sobre Fernando Bezerra Coelho (PSB), mas como o filho Fernando Coelho Filho é líder do seu partido na Câmara, ele tenderia a votar favorável.
A culpa é dela– De forma reservada, o grupo mais próximo da presidente Dilma já admite que ela foi a principal culpada pela expressiva derrota na abertura do processo de impeachment. Esse sentimento também é compartilhado pelo grupo mais próximo do ex-presidente Lula. Há o reconhecimento de que o descaso com a articulação política por parte da própria Dilma nos últimos cinco anos teria sido a causa de muitos votos favoráveis ao impedimento da presidente. “Foi um erro ter deixado a política em segundo plano durante tanto tempo”, disse um auxiliar próximo de Dilma.
Morto, mas latindo– Em seu discurso na tribuna, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Silvio Costa (PT do B-PE), disse ter “nojo” do vice-presidente Michel Temer por querer “arrancar” o mandato de Dilma e chamou Cunha de “cachorro morto”. “Depois que descobriram as contas dele na Suíça, eu parei de bater no deputado Eduardo Cunha. Parei porque ninguém chuta cachorro morto, mas hoje vou ter que bater porque o cachorro continua latindo”, disse. “Outro cara de quem estou com nojo é Michel Temer. E eu não tenho outra palavra que não nojo. Faz dois anos que ele vem conspirando contra a presidente.”
Não foram oportunistas– Os deputados Adalberto Cavalcanti (PTB), Zeca Cavalcanti (PTB), Wolney Queiroz (PDT), na foto ao lado, e Ricardo Teobaldo (PTN), votos declarados contra o impeachment ao longo da discussão, poderiam ter mudado de posição em plenário, já que quando votaram a matéria já tinha alcançado os 342 votos necessários, mas mostraram coerência. Devem pagar caro pelo voto contrariando a esmagadora maioria do povo brasileiro, especialmente nas eleições municipais. Não serão acusados, entretanto, de oportunistas.
BORDÃO– A frase usada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acabar a conversa com Dilma no polêmico telefonema divulgado pelo juiz Sergio Moro virou bordão dos deputados pró-impeachment. “Tchau, querida”, diziam cartazes levados ao plenário. Muitos também acabaram seu discurso com a frase, entre eles Elizeu Dionízio (PSDB-MS) e Alexandre Leite (DEM-SP).
LEVE LULA– Em seu discurso antes do início da votação, o deputado Paulinho da Força (SD-SP) usou a tribuna para liderar um coro de parlamentares pró-impeachment em uma paródia da canção Para não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré. “Dilma vai embora que o Brasil não quer você e leve o Lula junto e os vagabundos do PT”, cantou, enquanto um colega a seu lado fazia uma chuva de papel picado.
fonte:blogdomagno