A primeira vítima

Carlos Brickmann

Na frase eterna do senador americano Hiram Johnson, em tempo de guerra a primeira vítima é a verdade. Mas o ministro Jaques Wagner está exagerando: inventou um abaixo-assinado em favor de Dilma incluindo o nome do governador pernambucano Paulo Câmara, PSB.

Que Paulo Câmara jamais assinou.

O processo de erosão do poder de Dilma começou há muito tempo – tanto que o PMDB, especialista em colocar-se nas proximidades de quem tem a caneta das nomeações, foi-se aos poucos afastando dela. Com o impeachment – e especialmente se houver manifestações nas ruas – a tendência é que até os fiéis entre os fiéis prefiram mudar de lado. Até Paulo Paim, que parecia ter PT no nome, está descobrindo insuspeitadas simpatias ecológicas e buscando abrigo com Marina Silva.

O que se comenta é que, dos 171 deputados de que Dilma precisa para não ser afastada durante o julgamento do impeachment, ela tem no máximo 140. Se ela mostrar força, o número cresce. Mas até agora mostrou apenas inabilidade. E a cada uma das delações premiadas a margem de manobra de Dilma se reduz.

O chefe supremo do PT é Lula, que tem capacidade de manobra e liderança – restando saber se quer mesmo usá-las. Mas boa parte de seu Estado-Maior está fora de combate, a começar pelo “capitão do time”, José Dirceu, ex-presidente do PT, preso em Curitiba. Outro ex-presidente José Genoíno, foi condenado, cumpriu pena e parece afastado da política. Dois tesoureiros do partido foram atingidos: Delúbio Soares e João Vaccari Neto. João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara Federal, está condenado no processo do Mensalão. Delcídio Amaral, próximo de Lula, líder do Governo no Senado, está preso pela Lava Jato.

Delcídio é um risco: abandonado por PT e Lula, pode sentir-se tentado à vingança.

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