Depois da tempestade vem o tufão

O Congresso, onde a presidente apanhou que nem genta granda neste semestre, entrou em férias. A crise foi embora? Não: a crise está no ar, mas com os pés solidamente plantados no chão. Lula, o primeiro-companheiro deste Governo, está sendo investigado pelo Ministério Público, por suspeita de relações estranhas com empreiteiras. O Tribunal Superior Eleitoral examina a possibilidade de que a campanha de Dilma tenha recebido recursos desviados da Petrobras (neste caso, o registro da chapa Dilma-Temer é cassado, e caem ambos). O Tribunal de Contas da União estuda as contas do Governo Dilma, e há quem defenda sua rejeição, por conta das pedaladas fiscais. Os presidentes da Câmara e do Senado são investigados, há uma imensa bancada parlamentar na mira do Ministério Público e da Polícia Federal, há grandes empresários sob suspeita, ou já condenados. E, em menos de duas semanas, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, promete detonar mais duas bombas: a CPI do BNDES e a dos Fundos de Pensão.

Dilma cai? Pode ser; depende de como a situação evoluir. Uma data decisiva será o domingo, 16 de agosto, dia marcado para as marchas Fora, Dilma. Muita gente nas ruas enfraquecerá a presidente. Se houver pouca gente, ela se fortalece. Mas, de qualquer modo, Dilma é frágil: a avaliação de seu Governo, segundo a pesquisa CNT-MDA, divulgada pela Agência Brasil, estatal, continua caindo – de 10,8% para 7,7%, em julho. E 55,5% acreditam que a situação vai piorar.

Dilma Rousseff, quem diria!, tem índice de apoio inferior à inflação.

 

Carlos Brickmann

 

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