Deu em O Globo
O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) não poupou críticas à postura assumida pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) – de quem é aliado –, após a derrota nas urnas para Lula (PT). As declarações foram dadas em entrevista gravada para um portal bolsonarista.
O parlamentar opinou que Bolsonaro não tem o direito de ficar em silêncio enquanto apoiadores acampam há 40 dias em quartéis, falou em blefe, e afirmou que a atitude do chefe do Executivo “beira a covardia”.
DISSE O DEPUTADO – “Eu sempre fui um aliado do presidente Bolsonaro que teve coragem de desentoar em alguns momentos. Assim como agora subi à tribuna essa semana para pedir ao presidente Bolsonaro que tome uma decisão e que comunique essa decisão ao seu povo. Seja ela qual for. Mesmo que seja a mais triste e dolorosa, de que nada será feito” – disse Otoni de Paula ao Jornal da Cidade Online.
“Mas o silêncio do presidente, e pior do que o silêncio do presidente, as frases enigmáticas, as fotos enigmáticas… isso tudo está fazendo tão mal ao nosso povo que chega a beirar uma covardia, uma manipulação do povo”, acrescentou.
O parlamentar assinalou também que Bolsonaro corre o risco de se apequenar caso não mude a postura perante os apoiadores.
OS ACAMPADOS – “Pessoas estão se divorciando, estão com crise no casamento porque resolveram acampar mais de 40 dias na frente de quartéis. Temos brasileiros que perderam o emprego, que estão em situação lamentável, movidos pelo amor à pátria e pela confiança ao presidente da República. Ele não tem o direito de estar em silêncio ou de liberar frases enigmáticas”, afirmou Otoni de Paula.
“O presidente precisa falar claramente ao seu povo. Se ele não fizer isso, sairá pequeno. Sofrerá a maior derrota de todas, que não será a das urnas, porque nas urnas, ele ainda saiu grande demais, com um capital político maravilhoso. Mas, se não parar de blefar, aí sim sua derrota terá sido avassaladora”.
O deputado federal falou ainda sobre um encontro que teve com Bolsonaro dias após a derrota. “Eu o encontrei muito abatido, já com aquela ferida na perna, e estava psicologicamente muito abatido. Naquele momento, tive a certeza de que nada seria feito. É óbvio que não posso dizer aqui o que pude conversar com o presidente e seria leviano da minha parte dizer que ouvi dele que nada seria feito, mas eu cheguei a essa conclusão”.