Desde que foi derrotado nas urnas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se recolheu e decidiu falar publicamente apenas após a pressão de aliados – ministros do Centrão e o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fazem parte deste grupo.
Após fazer duas declarações curtas – uma, para reconhecer a derrota; outra, para pedir que bolsonaristas parassem de bloquear rodovias –, e participar de um encontro com o Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro voltou para o silêncio.
O presidente tem causado surpresa até no núcleo mais próximo, já que ao longo do mandato Bolsonaro transformou os palácios– principalmente o da Alvorada, residência oficial – em palcos para seus discursos barulhentos e conspiratórios.
Ministros do governo relataram ao blog da Andréia Sadi que Bolsonaro diminuiu significativamente até mesmo as mensagens de WhatsApp – meio de comunicação preferido do presidente – a assessores e aliados.
Nos bastidores, além da dor na perna causada por uma inflamação, o recolhimento de Bolsonaro é atribuído por aliados a um inconformismo por ter perdido e à preocupação crescente com o seu futuro e o dos aliados na Justiça.
Como tinha para si que ganharia a eleição, Bolsonaro não se preparou para um mundo sem foro privilegiado e sem poder e, relatam aliados, só se deu conta durante a apuração do domingo do 2º turno de que estaria descoberto juridicamente e politicamente.
Bolsonaro quer manter viva a ideia de que foi injustiçado, mesmo que em voo solo, já que, nessa tática, foi abandonado por todos os aliados. Até porque, como afirmam, com ela o presidente coloca todas as eleições de bolsonaristas em suspeição, incluindo as de seus filhos, que vão continuar a gozar de foro privilegiado.
Enquanto Bolsonaro não define como atuará publicamente, o presidente ainda busca qualquer medida do PL para tentar impugnar as eleições. O partido tem dito o que Bolsonaro quer ouvir, mas, na prática, está no futuro: em 2023, no governo Lula, com quem o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, não quer confusão.
Já que não vai entregar o combo golpista a Bolsonaro, o PL pretende entregar não só um conforto, mas um salário, um emprego mesmo, para que o presidente tenha como custear uma nova moradia em Brasília. O blog apurou junto a fontes da transição de Lula que, até agora, não há nenhuma sinalização nem de Bolsonaro nem do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a quando o presidente pretende desocupar o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto.