Por CLAUDEMIR GOMES
Sport enfrentará o Vasco na Ilha do Retiro!
Gol do bom senso.
Em decisão não se despreza o misticismo. Os deuses, e os bruxos, do futebol emitem sinais que são decifrados apenas por quem conhece cada palmo de chão dentro das quatro linhas. São os mistérios do futebol traduzidos pelas evocações feitas a Nossa Senhora; ao Cristo Salvador e a Xangô. Tudo em nome da vitória.
Ilha do Retiro ou Arena Pernambuco?
Para o cartola engravatado, pouco importa. Afinal, seu foco é apenas na busca de recursos. Vitórias e conquistas no futebol têm um alto custo. Mas não ferem o princípio básico da economia: investir para lucrar.
Por outro lado, nada mais mágico para um jogador que veste a camisa do Sport, do que entrar em campo sob os gritos de vinte mil torcedores: “Casá, casá, pelo Sport tudo!”
Certa vez um jogador me disse que, aquele coro uníssono e ensurdecedor arrepia até os pelos do mucumbu de quem está em campo. Este doping motivacional funciona bem melhor na Ilha do Retiro.
Portanto, no próximo domingo, todos a Ilha. A vitória sobre o Vasco passa pelo grito do torcedor, evidentemente. Os que enxergam o futebol estritamente como negócio irão dizer que os gritos também encontram eco na Arena Pernambuco.
Argumento de quem não conhece o DNA do futebol pernambucano. Sport, Náutico e Santa Cruz são clubes centenários. Todos possuem estádios próprios que são tratados como santuários pelos torcedores. Para entender esta peculiaridade socio esportiva é preciso raciocinar como o saudoso tricolor, Aristófanes de Andrade: “O torcedor quando chega no estádio do seu clube, ele se sente como se estivesse realizando o sonho da casa própria”.
Coisas da paixão clubista que são explicadas pelos números. Das 14 vitórias contabilizadas pelo Sport, até o momento, nesta edição da Série B, 12 foram construídas na Ilha do Retiro. Vale ressaltar que, o time leonino vem de uma sequência de 6 vitórias como mandante. Para turbinar o ciclo positivo, pela primeira vez neste campeonato, o Sport venceu três jogos seguidos.
Jogo de Búzios, ciganas e cartomantes. As consultas são feitas a toda hora. Em São Januário, no Rio de Janeiro, as promessas a São Sebastião e multiplicam. Nada de grandes pedidos. Os cruzmaltinos se sentirão abençoados com um empate, no próximo domingo. A Ilha do Retiro mete medo, pois foi nela que nasceram dois dos maiores jogadores da história do Vasco: Ademir Menezes (O Queixada) e Juninho Pernambucano. Passado e presente exigem respeito.
Os pedidos nas igrejas e terreiros pernambucanos são mais ousados. O Sport precisa da vitória para seguir alimentando o sonho do acesso.
Ligo o rádio nas resenhas esportivas, em busca de boas novas, e um repórter pouco criativo esbraveja: “Sport x Vasco é o jogo do ano”. A expressão, “jogo do ano”, foi transformada em jargão pela turma da latinha.
Sport e Vasco empataram em 0x0 no primeiro turno. Na sequência, nas três rodadas restantes, o time carioca somou quatro pontos, enquanto o rubro-negro pernambucano contabilizou cinco pontos.
As campanhas dos dois times são parelhas, fato que pode levar o acesso a ser decidido através dos critérios de desempates. O “tiro” final nesta corrida em busca do retorno a Série A é composto por quatro jogos, mas o primeiro passo será dado domingo, na Ilha do Retiro. Passo este que pode vir a ser o mais importante, podendo até receber a leitura de um salto para Primeira Divisão.