Ministros da Defesa de 21 países das Américas assinaram, ontem, em Brasília, um documento em que se comprometem com a democracia no continente. A assinatura da Declaração de Brasília marca o fim do encontro que durou três dias e discutiu ações sobre defesa e segurança na região.
Logo no primeiro parágrafo do documento, todos reafirmam o compromisso de respeitar plenamente a Carta da Organização dos Estados Americanos e a Carta Democrática Interamericana. Esta última afirma que democracia representativa é condição indispensável para a estabilidade, a paz e o desenvolvimento da região. As informações são do G1.
A chamada Carta de Brasília também aborda outros temas considerados fundamentais pelos ministros da Defesa. No meio ambiente, eles se comprometeram a fortalecer seus compromissos de enfrentar as mudanças climáticas e fatores ambientais, construir resiliência climática e investir na proteção ambiental, e o empenho para evitar a pesca ilegal, a caça furtiva de animais silvestres e a exploração mineral e florestal ilegais.
Na área de tecnologia, prometeram cooperar e trocar informações para mitigar as atividades cibernéticas maliciosas. E ainda a trabalhar juntos contra o crime organizado transnacional.
A Carta de Brasília também condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia. O texto saiu com tom mais brando do que queriam alguns países como Estados Unidos, Canadá e Colômbia.
O documento afirma que “os conflitos presentes em todo o mundo, como a invasão da Ucrânia e os atos de violência exercidos por grupos armados que terrorizam a população no Haiti, não são os meios legítimos para resolver as disputas, de modo que os estados-membros da conferência de ministros de Defesa das Américas esperam uma solução pacífica tão pronto seja possível”.
O Brasil, a Argentina e o México fizeram questão de deixar registrado que consideram que a ONU é o foro adequado para tratar do conflito da Ucrânia.
No discurso de encerramento da conferência, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, ressaltou por duas vezes a obrigação dos países que integram a conferência de proteger a democracia.
“O compromisso dos nossos países, com a democracia e com a liberdade, é outro importante aspecto que deve permanentemente nortear as conversações no âmbito da CMDA. O quanto os nossos países têm se dedicado à promoção e ao fortalecimento da paz e da segurança na América. Unindo esforços em prol do desenvolvimento e da prosperidade no continente, bem como na reafirmação dos princípios e dos valores de democracia, de soberania e de liberdade que são tão caros aos nossos povos”, disse Paulo Sérgio Nogueira.
Na quarta-feira (27), Nogueira se reuniu com o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin. Nesta sexta-feira, o governo americano divulgou detalhes do encontro e disse que o secretário Austin ressaltou que os Estados Unidos e o Brasil compartilham tradições e valores democráticos profundos e expressou sua confiança na força da democracia brasileira.