Filantropia do andar de cima ainda engatilha, mas parece que poderá ter futuro no Brasil

mulher em palco, usa roupa branca e está com telão atrás e plateia na frente

Marilia Coelho, do XP, fala sobre o programa de filantropia

Elio Gaspari
Folha

A XP decidiu botar R$ 100 milhões numa iniciativa para criar um curso de graduação gratuito e outro de pós (pago) para 400 estudantes. Oferecerá aulas nas áreas de desenvolvimento de sistemas e banco de dados. A entrada de empresários no sistema educacional pode mudar a cara dessa mazela nacional.

Nos Estados Unidos, os institutos de tecnologia de Massachusetts e da Califórnia surgiram no século 19 graças à visão de uma elite de empresários que pensavam no futuro.

DOIS EXEMPLOS – O MIT foi criado em Boston, em 1861, e o Caltech, 30 anos depois, quando o grosso dos milionários da Califórnia roubava água e terras. (Um dos barões ladrões da época, Leland Stanford, ajudou a criar a universidade que tem seu nome.)

Grandes empresas e fortunas americanas orgulham-se de dar seus nomes a universidades: Rockefeller (petróleo), Vanderbilt (ferrovias), Carnegie (aço), Mellon (banco) ou Purdue (alimentos). Deles, só Andrew Mellon teve pai rico.

A filantropia do andar de cima nacional ainda engatinha, mas pode crescer. Durante a pandemia o banco Itaú fez história ao separar R$ 1 bilhão para financiar iniciativas no combate à Covid.

OUTROS EXEMPLOS – A Fundação Dom Cabral muito deveu ao banqueiro Aloysio Faria e o Insper foi criado por Claudio Haddad com o apoio de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

Se Deus é brasileiro, progredirão as conversas para que o agronegócio crie uma universidade no Centro-Oeste.

Vale lembrar que a veneranda Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Piracicaba, nasceu em 1901 de uma doação de terras do fazendeiro que lhe dá o nome.