Gerson Camarotti
g1 Brasília
Após o anúncio sem detalhes do programa “Conecta Amazônia”, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC) decidiu pautar uma audiência pública nas comissões de Ciência e Tecnologia e de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados para tratar do projeto.
Nesta sexta-feira (20), o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, anunciaram uma possível parceria com o bilionário Elon Musk no projeto Starlink. O programa foi divulgado sem detalhes, prazos e custos. Segundo o governo, a ideia é conectar à internet 19 mil escolas na zona rural do país, além de monitorar a Amazônia.
DIZ A DEPUTADA – “O governo já está prometendo entregar a conectividade na Amazônia, um serviço que é público, para uma empresa privada e estrangeira, sem licitação”, alertou Perpétua que é presidente da subcomissão do 5G na Câmara e ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
O projeto denominado “Conecta Amazônia” foi anunciado por Musk em seu Twitter. O bilionário se reuniu com Bolsonaro em um hotel de luxo em Porto Feliz (SP), na manhã desta sexta-feira (20). O encontro teve como assunto principal as iniciativas tecnológicas para a proteção da Amazônia, incluindo o uso de satélites para levar internet e monitoramento do desmatamento na região.
Para perpétua, a conectividade nas escolas já é uma contrapartida do edital do leilão do 5G. “É bom lembrar aqui que a conectividade nas escolas, é contrapartida do edital do leilão do 5G, que já foi licitado e já tem recursos pra isso”.
O QUE FALTA – “Governo e Anatel precisam é acelerar a parte que é de responsabilidade deles, para que o 5G chegue logo nos 4 cantos do Brasil, sem que para isso tenhamos que entregar a Amazônia para estrangeiros”, disse a parlamentar.
Perpétua afirmou ainda que o Brasil precisa se tornar independente em algumas áreas, como, por exemplo, na comunicação, e que ficar na mão de estrangeiros em áreas tão sensíveis, é colocar em risco a soberania do país.
“O Brasil tem o PEB — O seu Programa Espacial Brasileiro —, sob a responsabilidade da FAB, mas que está à mingua, sem que o governo coloque recursos nele. Nós precisamos ter o nosso próprio sistema de satélites que nos torne independentes nas atividades da economia, comunicação, defesa, soberania, GPS, entre outras. Ficar na mão de estrangeiros em áreas tão sensíveis é colocar em risco a nossa soberania”, denuncia.