O advogado, compositor e poeta cearense Humberto Cavalcanti Teixeira (1915-1979), na letra de “Assum Preto”, na célebre parceria com Luiz Gonzaga, descreve a beleza de uma paisagem bucólica, comum no sertão após as chuvas, pois quando há estação chuvosa na região pode-se ver o reverdecimento da mata e isto traz alegria e esperança para o sertanejo. No entanto, a beleza do sol de abril e das flores não pode ser apreciada pelo pássaro Assum Preto, porque é cego. Contudo, a beleza é expressada através de um canto doloroso, uma forma de superar sua sina, porque furaram-lhe os olhos. O baião “Assum Preto” foi gravado, primeiramente, por Luiz Gonzaga, em 1950, pela RCA Victor.
ASSUM PRETO
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
Tudo em vorta é só beleza
Sol de Abril e a mata em frô
Mas Assum Preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor
Mas Assum Preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do Assum Preto
Pra ele assim, ai, cantá mió
Furaro os óio do Assum Preto
Pra ele assim, ai, cantá mió
Assum Preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá
Assum Preto, o meu cantar
É tão triste como o teu
Também roubaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meus
Também roubaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meus