Vitor Hugo Soares
Site Bahia em Pauta
Atravessa áreas de fortes e perigosas turbulências o avião em que, antes de abril, planava em céu de brigadeiro o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, pilotando sua candidatura ao Palácio de Ondina nas eleições que se aproximam, disparado na frente de todas as pesquisas eleitorais, até estes dias do outono de 2022, de ventos bravios e traiçoeiros pela banda de cá do Atlântico Sul.
Mas estava amparado em movediço muro de arrimo, no acordo tácito com as forças do PT do governador Rui Costa, na Bahia, que impulsionam a campanha do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, também líder nos levantamentos de todos os institutos. Agora, o tempo ameaça virar na disputa dos votos no quarto maior colégio eleitoral do país e maior da região Nordeste.
ACM NETO E LULA – A ventania já derrubou muradas e desvendou o namoro escondido de ACM Neto e Lula, na base do lema “você não me atrapalha e eu não lhe incomodo”.
A bem da verdade de sua excelência o Fato, nesta semana do Dia do Jornalista (7/4), o voo suave do bem avaliado gestor e chefe político da capital baiana, por dois mandatos, começou a ter problemas. Um deles – a ameaça de racha no União Brasil – é dos mais preocupantes para piloto, tripulantes e passageiros da viagem ao topo do poder estadual do neto de ACM, “o original”, no dizer do ex-prefeito Mário Kertész, apresentador e dono da Rádio Metrópole, por onde passam, em sabatinas, manda-chuvas e candidatos de todos os portes e tendências do Estado e da República.
Alguns, por não conseguirem domar o ego e a língua solta, são levados pela técnica do ancora de dar toda corda para o entrevistado salvar-se ou se enforcar.
WAGNER SE ENFORCOU – Alguns entrevistados se atrapalham e se dão mal. A exemplo de Jaques Wagner, em entrevista recente, que era candidato ao governo e virou o PT baiano e aliados de cabeça para baixo, largando um baita abacaxi no colo de Lula, que até agora nem o presidenciável petista, nem o governador Rui Costa conseguiram descascar.
No entanto, como escutei tantas vezes nas redações do Jornal do Brasil e da Veja, por onde passei em tempos loucos de outras crises, “nada é tão ruim que não possa piorar”.
Semana passada, a novidade foi o ingresso do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, no União Brasil, levado pelo presidente do partido, Luciano Bivar, no projeto de articulação da Terceira Via para a disputa presidencial, com alguma chance efetiva, frente à disputa bipolar Bolsonado à “direita” X Lula à “esquerda”, que tantos pregam e gostariam de ver nas urnas das majoritárias deste ano.
ACM NETO VAI À LOUCURA – A retirada, pelo presidente do União Brasil, da escada em que ACM Neto (secretário-geral do partido) e o petista Lula subiam juntos, coincide com a irritação e virada de humor do neto de ACM, agora com rompantes parecidos ao do falecido avô quando mandava na Bahia.
Um estado de ânimo e de nervos só comparável ao do rompimento da amizade pessoal e de históricos laços políticos com o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, seguido da traição do “amigo e irmão”, João Roma, que se transferiu de armas e bagagens para o Centrão bolsonarista, virou ministro da Cidadania e, filiado ao PL, desafia o ex padrinho na disputa pelo governo estadual.
Para culminar, União Brasil, PSDB, MDB e Cidadania anunciam que a Terceira Via vai ganhar forma e conteúdo. Em nota conjunta, anunciaram que o candidato unificado do centro democrático para o Palácio do Planalto será divulgado em 18 de maio, e o União Brasil, de Bivar, ACM Neto e Moro fará no dia 14 a indicação do partido à presidente. Quem? A ver. Tem jogo ainda.