J.R Guzzo
Estadão
As escolas particulares de São Paulo pediram às autoridades competentes que autorizem os alunos a não usarem mais máscaras nas aulas. Coitadas das escolas particulares de São Paulo: vão levar uma canseira dos fiscais de Covid do governo paulista.
Não poderiam ter feito pedido mais razoável, num momento em que o mundo inteiro está abandonando as máscaras – adereço inútil para uma necessidade inexistente. Por isso mesmo vão penar até conseguirem ser atendidas.
MEDIDAS DE REPRESSÃO – A autoridade pública faz questão de ir andando o mais devagar possível no desmanche das medidas de repressão que ela própria montou; quanto mais lento o processo, pensam nossos homens de governo, maior a impressão de que a estupidez que armaram não foi tão estúpida assim, e só pode ser desfeita com grande cuidado. Ao mesmo tempo, ao dar ou negar licenças para isso ou aquilo, mostram que continuam mandando.
É um despropósito. Um dia, queira ou não queira o comitê central montado pelo governo para “gerir” a covid, o uso obrigatório da máscara vai ser eliminado; no próprio Estado de São Paulo já não é preciso usar máscara ao ar livre, e no resto do Brasil e do mundo o desmonte está muito mais adiantado.
Então: se a obrigação de usar máscara vai ser abolida daqui a “X” dias, por que não acabar com essa história logo de uma vez? O vírus que está “pegando” hoje não vai “pegar” amanhã?
LEVA AO RIDÍCULO – A “descontinuação por etapas” das medidas de “controle social” leva sobretudo ao ridículo. É cômico, por exemplo, o cidadão chegar sem máscara ao restaurante, bar ou café, colocar a máscara para andar cinco passos até a mesa e ali tirar de novo.
Nem se fale, então, da operação de marketing que tem sido a marcha de retirada – com gestos dramáticos como a revelação progressiva do próprio rosto pelo governador, ou a patética placa de acrílico nas suas entrevistas ao ar livre no jardim do Palácio dos Bandeirantes, em imitação às entrevistas da Casa Branca.
O grupo nomeado para administrar a covid, após dois anos de pseudo- ciência, tabelas coloridas e abusos contra as liberdades, vai tendo um fim melancólico.