Vicente Nunes
Correio Braziliense
Caiu como uma bomba em parte do meio militar bolsonarista a declaração do general Otávio do Rêgo Barros de que ele não votará mais no presidente Jair Bolsonaro. Sem nominar o chefe do Executivo, ele foi taxativo em artigo publicado na quinta-feira (17/03), no Correio Braziliense: “Me lembro bem em quem votei nas últimas eleições. Neles, não voto mais”, afirma.
No entender desse grupo de militares — a maioria, da ativa —, o general, que foi porta-voz de Bolsonaro no primeiro ano de mandato, deveria ter se posicionado “nas oportunidades que teve”, e não agora, às vésperas da reeleição.
PELA REELEIÇÃO – “Foi falta de coragem moral?”, questionam os fardados. Esse mesmo grupo pergunta: “Será que Rêgo Barros votará no Lula?”
Os militares que reagem contra o general Rêgo Barros trabalham pesado para a reeleição de Bolsonaro e acreditam que, com a reorganização da direita em torno da candidatura do presidente, ele ficará mais quatro anos no Palácio do Planalto. Esses fardados não votam no ex-juiz Sergio Moro.
No artigo, Rêgo Barros não poupou crítica a Bolsonaro. “O sujeito passa três anos sem dizer a que veio, despreocupado de aprofundar os problemas e encontrar as saídas e, no último ano, dispara a gastar dinheiro público irresponsavelmente que os cofres não possuem, viajar para inaugurar pinguela inaugurada e propor novos e maravilhosos projetos caso seja reeleito”.
PESADELO ESQUECIDO – O general acrescenta, ainda, que “mais de meio milhão de pessoas morreram em face da covid-19, outros tantos ainda permanecem sequelados e o assunto já passa ao largo, como pesadelo a ser esquecido, em justificativa à má gestão”. É uma clara referência à forma desastrosa com que Bolsonaro conduziu a pandemia.
Para o ex-porta-voz de Bolsonaro, as pessoas não podem esquecer isso e devem se lembrar em quem votaram para não repetir os mesmos erros.
Segundo os militares críticos de Rêgo Barros, o general “está querendo se eleger, aparecer ou sair do ostracismo”. E vão além, questionando se o artigo publicado no Correio “não denota falta de humildade ou é rancor, birra ou hipocrisia?”