Deu na Gazeta do Povo
“Lula é o símbolo mais elevado da Justiça” – a definição é do advogado criminalista Alberto Toron, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e um dos líderes do grupo Prerrogativas, que em dezembro organizou um suntuoso jantar para grande número de pessoas, como homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para aproximá-lo do ex-governador paulista Geraldo Alckmin visando à formação da chapa do petista.
A reação a essa afirmativa de Tolon é impressionante, e um grupo de 1.143 advogados de todo o Brasil divulgou uma nota de repúdio afirmando que “a advocacia brasileira não glamouriza o crime, o criminoso, a injustiça, a impunidade e a corrupção”.
AFIRMAÇÕES DESCABIDAS – O estopim para essa manifestação foram as declarações polêmicas de Tolon e de outros criminalistas do grupo Prerrogativas, durante o festivo jantar em apoio a Lula.
Além do renomado Alberto Toron afirmar ao microfone do evento que “Lula é o símbolo mais elevado da Justiça”, outro famoso advogado paulista, Antonio Claudio Mariz, fez pior, ao tomar a palavra para recomendar:
“Se o crime já aconteceu, o que adianta punir? Que se puna, mas que não se ache que a punição irá combater a corrupção”, assinalou, numa afirmação surpreendente para um operador do Direito.
Como se sabe, o ex-presidente Lula foi condenado na Operação Lava Jato, chegou a ficar preso por 580 dias, mas foi solto após o Supremo Tribunal Federal ter mudado o entendimento sobre prisão após segunda instância. Posteriormente, o STF anulou as condenações de Lula, por questão técnica, mas sem levar em conta o mérito das sentenças que confirmaram seus crimes.
ADVOGADOS REAGEM – “A maioria dos bons advogados prima pela correção de atitudes, pela ética, pela moralidade, respeito às leis e a justiça. A fala de um advogado ao dizer que Lula é o símbolo mais elevado da Justiça configura-se uma afronta ao bom senso e tem como condão criar uma fantasia absurda”, diz a nota dos 1.143 advogados, acrescentando:
“Tal afirmativa não se sustenta perante seus pares de profissão e nem ao crivo da crítica da sociedade que não se deixa enganar com falsa verdade”, disseram os signatários da nota, que repudiaram ainda a impressão dada por Antonio Mariz de que todo o conjunto da advocacia brasileira estará ao lado de Lula nas eleições de outubro, o que, segundo o grupo, não é verdade e não tem o menor cabimento.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A matéria enviada por Mário Assis Causanilhas exibe a esculhambação que reina no Brasil. Em país minimamente civilizado, qualquer advogado que fizer declarações públicas enaltecendo notórios criminosos terá cassado seu direito de exercer a profissão. Aqui no Brasil, a Lei 8.906 (Estatuto da Advocacia e da OAB) prevê a exclusão de quem “tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia” (artigo 34, item XXVII) ou que demonstre “incontinência pública e escandalosa” (artigo 34, parágrafo único, alínea b). Mas nada disso importa aqui no Brasil, onde advogados, juízes e até ministros de tribunais superiores podem se comportar acima da lei, através de ardilosas interpretações jurídicas, como as decisões que soltaram Lula e depois anularam suas condenações. É por isso que a gente sempre lembra Francelino Pereira e Renato Russo: “Afinal, que país é esse?”. (C.N. – da TIBUNA DA INTERNET)