Maria Cristina Pinotti
Estadão
Partindo de um diagnóstico preciso sobre a situação institucional, social e econômica do País, Sergio Moro, em seu discurso de filiação ao Podemos, faz uma síntese interessante de propostas tradicionalmente caras à direita e à esquerda, pavimentando um caminho promissor para a aglutinação de forças da terceira via em torno de um projeto para tirar o Brasil do círculo vicioso de estagnação econômica, pobreza e desigualdade.
Junto com a defesa das reformas prioritárias, como a tributária, a privatização, a abertura da economia, necessárias para aumentar a eficiência, enfatiza a premência de um programa nacional de erradicação da pobreza absoluta e de melhoria na qualidade da educação.
Reafirma, em boa hora, a necessidade do compromisso com a responsabilidade fiscal para sairmos da armadilha dos aumentos de risco, inflação e juros.
Corretamente aponta que as reformas necessárias, e que são conhecidas há anos, empacam no Congresso, ou de lá saem mutiladas, por ferirem interesses de grupos ou indivíduos, sem que o interesse público seja levado em conta.
CORRUPÇÃO E JUSTIÇA – A captura dos Poderes ocorre através de corrupção, protegida pela morosidade e ineficiência da justiça brasileira em coibir tais práticas. O fim da reeleição para cargos do Executivo, a volta da possibilidade de execução das penas a partir da segunda instância e o fim do foro privilegiado fazem parte das propostas defendidas por Moro.
A história mostra que a qualidade das instituições determina o grau de desenvolvimento – e de corrupção – dos países. Ao apontar para esse fato, reconhecido na maior parte do mundo desenvolvido, Moro traz ao debate um assunto crucial.
De tanto se disfarçar a corrupção através de eufemismos, e de tanta complacência com o “jeito brasileiro de fazer política”, estamos incentivando a convivência com a corrupção. Sem ética na vida privada e na vida pública não haverá futuro para o Brasil, apenas uma contínua volta ao passado.