Para entender a mulher amada, o poeta Bastos Tigre teve de recorrer até à sintaxe feminina

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Bastos Tigre escrevia na famosa revista “D. Quixote”

O publicitário, bibliotecário, humorista, jornalista, compositor e poeta pernambucano, Manoel Bastos Tigre (1882-1957), sentia-se perturbado com a “Sintaxe Feminina” de sua amada e escreveu este soneto.

SINTAXE FEMININA
Bastos Tigre

Leio: “Meu bem não passa-se um só dia
Que de você não lembre-me”… Ora dá-se!
Mas que terrível idiossincrasia!
Este anjo tem as regras de sintaxe!

Continuo: “Em ti penso noite e dia…
Se como eu amo a ti, você me amasse!”
Não! É demais! Com bruta grosseria
A gramática insulta em plena face!

Respondo: “Sofres? Sofrerei contigo…
Por que razão te ralas e consomes?
Não vês em mim teu dedicado amigo?

Jamais, assim, por teu algoz me tomes!
Tu me colocas mal! Fazes comigo
O mesmo que fizeste com os pronomes!”…