Setembro Amarelo: em poucas páginas, “As vantagens de ser invisível” aborda saúde mental e a força das amizades

Júlia de Aquino
Instagram literário @juentreestantes

“Acho que todo mundo é especial à sua própria maneira”.

Stephen Chbosky escreveu um livro que tem grande relação com o Setembro Amarelo, pois foca no tema “saúde mental”. E apesar de ser uma obra já conhecida, principalmente depois da adaptação para o Cinema, ainda é muito atual e está sempre sendo lida e discutida por muitos.

Além dos comentários sobre a leitura – que, diga-se de passagem, foi uma ótima experiência –, separei referências a livros citadas na obra e trechos marcantes, que mostram parte dos sentimentos do protagonista Charlie.

O LIVRO – Caçula de três filhos, Charlie escreve cartas. Não se sabe para quem ele as manda nem se conhece outras informações a seu respeito, a não ser as que ele escreve nos textos. Através da escrita ele mostra toda sua percepção de mundo, o sentimento de estar preso ao mesmo tempo querer descobrir coisas novas.

LEITURA – É um livro curto, fácil de ler pela escrita, mas “difícil” pela mensagem e pelo desfecho inesperado. Durante toda a narrativa, conhecemos um menino angustiado, socialmente deslocado, mas com vontade de viver, apesar de tantas dúvidas e questões psicológicas.

O mais marcante no livro é que o leitor consegue entender o menino. Mesmo quem já está há tempos longe da adolescência ou viveu esse período de forma tranquila. Através de sua escrita e a narrativa dos acontecimentos, ele nos leva a entendê-lo: compreendemos sua angústia, seus medos, seu nervosismo. Inclusive, ele nos faz pensar em situações em que também nos sentimos assim: deslocados, fora do padrão, sem saber o que fazer ou mesmo achando que “sempre fazemos tudo errado”.

DEPRESSÃO E ANSIEDADE – Em diversos momentos Charlie tem flashes de memórias e comportamentos típicos de quem sofre de Ansiedade. Diversas situações são gatilhos para ele, e ele conta com detalhes seus sentimentos em cada ocasião, mas sem refletir muito sobre os motivos que o levaram a se sentir daquela forma. O livro não nos deixa sem respostas ao final; pelo contrário, terminamos ainda mais reflexivos.

O mais valioso é acompanhar a jornada de Charlie durante o final do Colégio, conhecendo novas pessoas, fazendo novos amigos e vivendo intensas experiências.

CINEMA – Lançado em 2012 e dirigido pelo autor (Stephen Chbosky), o filme é fiel ao livro e traz um elenco de peso. Alguns nomes são: Emma Watson, Ezra Miller, Mae Whitman, Kate Walsh, Dylan McDermott, Nina Dobrev e Johnny Simmons.

Assim como aconteceu com o livro em 1999, quando foi lançado, e acontece até hoje, a adaptação recebeu muitas críticas positivas. Também recebeu prêmios, incluindo o Independent Spirit Award de Melhor Primeiro Filme e duas indicações ao Critics’ Choice Movie Awards.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=qXTW2pOMDV8

REFERÊNCIAS LITERÁRIAS – Além do final marcante, um dos aspectos que mais me chamou atenção foram as referências a livros (o Charlie adora ler, e é muito incentivado por seu professor de Literatura do Ensino Médio). Marquei todas elas durante a leitura, e a lista segue abaixo (na ordem em que aparecem no livro).

Livros Citados:

  • O sol é para todos – Harper Lee
  • O apanhador no campo de centeio – J. D. Salinger
  • Walden – Henry David Thoreau
  • Pé na estrada – Jack Kerouac (EN: On the road)
  • Naked Lunch – William Burroughs (PT: Almoço nu)
  • O estrangeiro – Albert Camus
  • The Fountainhead – Ayn Rand (PT: A nascente)
  • A noite dos morto-vivos – John Russo
  • Este lado do paraíso – F. Scott Fitzgerald
  • Peter Pan – J. M. Barrie
  • A separate peace – John Knowles (PT: Uma Ilha de Paz)
  • O grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald
  • Hamlet – William Shakespeare

Livro: As vantagens de ser invisível
Autor: Autor: Stephen Chbosky
Editora: Rocco Jovens Leitores
Páginas: 224

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ALGUNS TRECHOS

  • “Sempre acho que um livro é meu favorito até eu ler outro”.
  • “Charlie, a gente aceita o amor que acha que merece”.
  • “Charlie, você vê as coisas e guarda silêncio sobre elas. E você compreende”.
  • “Eles olharam para mim e eu olhei para eles. E acho que eles sabiam. Não alguma coisa específica, apenas sabiam. E eu acho que é tudo o que você pode pedir de um amigo”.
  • “E me senti ótimo sentado ali conversando sobre nosso lugar nas coisas”.
  • “Tem alguma coisa errada comigo. E eu não sei o que é”.
  • “As coisas mudam. E os amigos partem. E a vida não para para ninguém”.
  • “É duro ver um amigo sofrendo tanto. Especialmente quando você nada pode fazer, a não ser “estar lá”.
  • “Não sei o que há de errado comigo. É como se tudo o que pudesse fazer é escrever esse palavreado para evitar a depressão”.
  • “Acho que todo mundo é especial à sua própria maneira”.