Ex-secretário de Imprensa de Pernambuco no governo João Lyra Neto, o jornalista Ivan Maurício relatou um fato que deve deixar a todos indignados. Ele foi exonerado hoje do cargo de diretor de Comunicação da Câmara Municipal de Olinda. O motivo: ter se recusado a votar e fazer campanha para a pré-candidata a vereadora Janaína Federal, esposa do presidente da Casa, o vereador Jorge Federal. Foi o próprio Jorge quem assinou o ato de exoneração e o encaminhou para a residência de Ivan.
A Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP) manifestou solidariedade ao jornalista e ressaltou a trajetória de 52 anos de profissionalismo de Ivan Maurício. “Não podemos deixar de manifestar nossa indignação pelo uso da força política por parte do presidente da Câmara Municipal Jorge Federal, que utilizar um cargo público para obter vantagem pessoal”, disse a nota da AIP, assinada por seu presidente, Múcio Aguiar Neto.
Leia abaixo a nota de Ivan Maurício sobre a exoneração:
“Em pleno pico da pandemia do coronavírus e em meio a isolamento social, recebi, na última terça-feira (31/03), telefonema do vereador Jorge Federal, presidente da Câmara Municipal de Olinda, condicionando minha permanência no cargo de diretor de Comunicação do Poder Legislativo municipal a ter que votar e fazer campanha eleitoral para sua esposa, Janaína Federal, pré-candidata a vereadora na cidade.
Não aceitei a imposição por considerar um desrespeito e descumprimento ao princípio constitucional que diz ser “inviolável a liberdade de consciência e de crença”.
Ontem (01/04), fui surpreendido com novo telefonema do vereador Jorge Federal me comunicado que estava exonerado do cargo. Hoje (2/4), recebi, em minha residência, a portaria formalizando a exoneração.
Aproveito a oportunidade para agradecer o carinho e a acolhida que sempre tive por parte de todos os companheiros que fazem a imprensa de Pernambuco durante este período em que exerci a Diretoria de Comunicação da Câmara de Olinda.
Tenho 52 anos de exercício da profissão de jornalista, boa parte deles – quase duas décadas – trabalhando sob a censura prévia durante a ditadura militar, na resistência da chamada imprensa alternativa, em jornais como “Opinião”, “Movimento”, “O Pasquim” e “Versus”.
O tempo ensinou a não me calar”.