Por Jose Adalberto Ribeiro – Jornalista e escritor
— Uma aura do bem na psicosfera
Amin Stepple Hilluey pontificou pelo talento e bons predicados na vida, seja dito por dever de fidelidade. Somos companheiros de geração e de viagens nas nuvens da vida do jornalismo, das letras e das vivências de amizade. Adolescente em Campina Grande, lembro da figura magra dele nas escadarias do lendário Colégio Estadual da Prata nos idos de 1970. As escadarias guardam a memória dos nossos sonhos juvenis na área de humanidades, no jornalismo, na literatura e no cinema da parte dele. Ouvi de diversas pessoas que Amin marcou presença como referência em cinema, como roteirista e diretor na fase do chamado Super 8. Oito e oitenta, galgou prestigio como marqueteiro das artes visuais em campanhas eleitorais.
Ele cumpriu a jornada do bem na atmosfera da vida.
Crítico eventual de cinema na fase inicial de sua trajetória como jornalista no Diario de Pernambuco, era um bom rebelde fiel à nossa geração de quase iconoclastas das artes e dos costumes. Nesse capítulo o seu defeito era a não ambição. Ousado em criatividades, menos ambicioso era para si mesmo em termos profissionais. Cultivava os seus ofícios criativos em fazer concessões para as mesmices, ou para conveniências ocasião. Noutras palavras, o tal jeitinho não fazia parte do seu estilo de vida e de trabalho.
Ouvi diversas vezes do nosso comum amigo Magno Martins que Amin era um dos melhores textos que ele conhecia. Produzia um texto de excelência em qualidade no manuseio das letras. O nome disso é talento raiz. Na literatura, na música e no cinema, sobressaia seu bom gosto refinado. Leitor compulsivo, mantinha um hábito meio esquisito, ou até raro, nos dias atuais: o hábito de ler os clássicos da literatura, clássicos no sentido de qualidade elevada.
Dispensável dizer que Amin era portador da idoneidade ética, pessoal e profissional. O nome disso é respeitabilidade, credibilidade.
Faz parte de nosso cultura humanística exaltar os predicados das criaturas nestes momentos solenes e tristes em que se transportam para o outro lado do espelho. E cada caso é um caso. Sejam cultivados os bons sentimentos para quem bem merece. Seja louvado o que bem merece, no caso de Amin Stepple. Ele merece os melhores louvores.
Das escadarias do Colégio Estadual da Prata nos anos 1970, até as mesas de redação do Diario de Pernambuco nos anos seguintes até nosso reencontro nestes anos presentes, o bom rebelde marcou presença nas galerias do afeto de amizade e afinidades intelectuais. De feição progressista e humanística, claro que se mantinha implacável contra os animais políticos da fauna dos malfeitores, corruptos e retrógrados em geral.
Um dia ele contou para o amigo-irmão dele Geneton Moraes Neto ter lido, alhures, algures, que este planeta terra era o purgatório de nossa galáxia. Mas, não lembrou o autor desse pensamento. Ficou devendo. De modo parecido, entendo que os Deuses costumam ser cruéis com a humanidade terrestre, pois os bons se despedem primeiro, e esta é um desígnio misterioso das forças do Além.
Se eu fosse espírita, diria que Amin habita nas auras de bem aventurança da psicosfera.
Agnóstico ou irreverente, penso que ele concordaria em criticar os Deuses por nos privar das almas do bem em nossas atmosferas e estratosferas de vida.