“Não quero o apoio de Gleide”, diz Patrícia Domingos

Blog do Magno Martins

Em uma longa e reveladora entrevista ao Frente a Frente, a delegada Patrícia Domingos, ainda sem filiação partidária, abordou vários temas do Recife já numa linguagem de pré-candidata à sucessão do prefeito Geraldo Júlio. “Meu afastamento da Decasp (Delegacia de Crimes Contra a Administração e Serviços Públicos) é uma ferida aberta na minha vida, dói muito”, desabafou, referindo-se ao fechamento da estrutura que comandou no Estado, pautada na investigação de atos nada republicanos de políticos e gestores públicos.

Patrícia é, muitas vezes, confundida com a delegada Gleide Ângelo, fenômeno eleitoral da eleição passada, mas afirma que, se vier a disputar a prefeitura do Recife, não quer Gleide no seu palanque por ela ser de um partido (PSB) que a perseguiu e extinguiu a Decasp.

“Eu admiro o trabalho de Gleide por ser delegada, mas somos de áreas distintas, ela na defesa das mulheres vítimas da violência, eu no combate à corrupção. Mas em termos de ideologia seria inviável uma aliança com alguém que faz parte de um partido que fechou a minha delegacia”, afirmou.

Carioca, com 12 anos atuando no Recife como delegada, Patrícia admite entrar no jogo político para dar continuidade a um trabalho voltado para passar o Brasil a limpo, no combate à corrupção e na perseguição de políticas que possam transformar a cidade e o povo.

“Me perguntam muito se sou candidata. Eu só vou decidir se faço essa mudança radical na minha vida na hora certa, não tenho pressa”, afirmou. Licenciada da função de delegada especial desde que foi impedida de investigar denúncias envolvendo poderosos, Patrícia promete revelar em quem vai votar para prefeito e vereador, caso não seja postulante ao Palácio Capibaribe.

“Vou abrir meu voto”, promete, numa atitude inusitada e corajosa, referindo-se aos candidatos a serem escolhidos por ela, tanto para Prefeitura do Recife quanto para Câmara de Vereadores.

Patrícia Domingos é filha de família pobre do Rio de Janeiro. Ela veio de ônibus ao Recife fazer concurso para Polícia Civil por não ter dinheiro para comprar uma passagem aérea. “Sou de família humilde, mas corajosa. Herdei dos meus pais a coragem para resistir aos que me perseguem”, confessa, com os olhos marejados. Sua entrevista vai ao ar pela Rede Nordeste de Rádio, às 18 horas, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha, no Recife.

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