Ex-presidente da empreiteira entregou e-mails para provar envolvimento de executivo
Entre abril e setembro de 2018, Marcelo vasculhou mais de 480 mil e-mails e outros 300 mil documentos em busca de novas evidências para corroborar seu acordo de colaboração premiada e mirava um alvo: seu cunhado. Em diferentes ações penais da Lava-Jato, Marcelo entregou ao Ministério Público Federal (MPF) cerca de 180 mensagens que recebeu de Maurício.
Marcelo também acusou o cunhado de ter participado do processo que resultou na edição de uma medida provisória pelo governo Lula, em 2009, em troca de doação de R$ 50 milhões para o caixa dois do PT.
Genro de Emilio Odebrecht, casado com sua filha Monica, Ferro pediu para deixar o cargo de vice-presidente jurídico do grupo em agosto do ano passado após se tornar réu por suspeita de corrupção. A investida contra ele por parte de Marcelo causou desgosto ao patriarca da família e esfriou ainda mais a relação entre pai e filho que já não era boa.
Mesmo depois de ter sido solto, Marcelo seguiu com depoimentos à força-tarefa na tentativa de “pegar” o cunhado, que por sua vez manteve o prestígio no grupo e tocou a negociação de venda da parte da Odebrecht na Braskem.
Ferro já tinha prestado depoimento ao então juiz Sergio Moro, no final de outubro de 2017, mas ainda não tinha sido preso.
Ele faz parte de uma longa lista de credores da Odebrecht, entre executivos e ex-executivos que atuaram como delatores no maior acordo de colaboração já feito dentro da Operação Lava-Jato. Juntos, eles têm a receber R$ 438 milhões em incentivos e remunerações que não foram pagas pela empresa, cujo pedido de recuperação foi formalmente aceito pela Justiça em junho deste ano com dívidas que somam R$ 98,5 bilhões.
Monica também consta na lista de credores. Ela, que é advogada, tem a receber R$ 3,5 milhões. Já Ferro pede R$ 5 milhões à empresa.
A ação desta terça-feira cumpriu dois mandados de prisão temporária e outros 11 de busca e apreensão em São Paulo e na Bahia. Delações de executivos da companhia apontaram “Italiano” como o apelido do ex-ministro Antônio Palocci , e “Pós-Itália”, do também ex-ministro Guido Mantega nos governos Lula e Dilma Rousseff.
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