Gustavo Schmitt
O Globo
Em meio ao vazamento de conversas do ex-juiz Sergio Moro , hoje ministro da Justiça, e membros da Operação Lava-Jato , o ministro Luís Roberto Barroso classificou o caso como “violação criminosa de comunicação privada”. Ao ser questionado diretamente sobre o episódio, Barroso defendeu a Lava-jato. No entanto, afirmou que juiz só se manifesta no fim do processo:
— Eu sou juiz. Juiz fala ao final. Não no início, nem no meio. A única coisa que eu sei é que houve uma clara ação de violação criminosa de comunicação privada. Eu queria saber qual família resistiria a dois anos de violação de comunicação privada? — indagou o ministro.
MENSAGENS – Nesta sexta-feira, novos diálogos atribuídos a Moro e a procuradores da força-tarefa da Lava-Jato foram divulgados pela revista “Veja”, em parceria com o site The Intercept Brasil.
De acordo com a reportagem, Moro teria alertado sobre a inclusão de uma prova em um processo contra o operador de propina Zwi Skornicki; orientado o MPF sobre datas de operações — uma delas ligada a ação contra o pecuarista José Carlos Bumlai — e feito pressão contra a negociação de delação premiada do deputado cassado Eduardo Cunha.
IMENSA ARTICULAÇÃO – Mais cedo, Barroso havia dito, sem citar os vazamentos, que há “uma imensa articulação para desacreditar tudo aquilo que foi feito”, mas demonstrou otimismo em relação à possibilidade de retrocessos no combate à corrupção. “Creio que nada será como antes”.
Por fim, Barroso ainda fez críticas ao judiciário brasileiro, que, na sua visão, presta um serviço ruim à sociedade. “Um sistema de Justiça desmoralizado é ruim pra todas as partes, advogados, juiz. Temos que acabar com a naturalização do processo que dura dez anos. Isso faz parte de sistema que não funciona. Se levar 20 anos não é justiça” — afirmou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Barroso está certíssimo. Desde o início, a Tribuna da Internet alertou que se tratava de uma “imensa articulação” visando não somente a soltar Lula, Dirceu, Cunha etc., mas também evitar a próxima prisão de Temer, Aécio e os caciques do MDB, assim como dos demais envolvidos de outros partidos. A “imensa articulação” é cópia do que foi feito na Itália, nos anos 90, contra a Operação Mãos Limpas, mas aqui no Brasil não conseguirão destruir a Lava Jato. (C.N.)