Comissão de estudiosos da obra do jornalista promove palestras para discutir o legado desse explosivo personagem, que morreu aos 43 anos
Autor do clássico “Os Sertões”, o escritor Euclides da Cunha será o grande homenageado pela Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em julho. Para tanto, uma comissão com estudiosos da obra do jornalista está promovendo uma série de palestras, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (Rua Dr. Plínio Barreto, 285, na Bela Vista, em São Paulo), para discutir o legado desse explosivo personagem que morreu aos 43 anos.
O objetivo dessas reuniões será demonstrar ao público – com a devida antecedência – a pesquisa e organização dos diversos aspectos que envolvem as convicções do ensaísta e sua preocupação com os fatos e a ciência. O último desses encontros, no dia 26 deste mês, vai reunir o pesquisador Joaquim Marçal Ferreira e a jornalista Dorrit Harazim, que vão debater sobre o tema fotografia de guerra.
A décima sétima edição da Flip vai acontecer entre os dias 10 e 14 de julho e os ingressos para o evento já estão à venda. A curadoria do festival literário fica a cargo de Fernanda Diamant – que divide a organização desta edição com Walnice Nogueira Galvão.
O temperamento impulsivo e suas consequências
Difícil será para os especialistas em Euclides da Cunha não abordar o temperamento explosivo – e mesmo desequilibrado – do ensaísta convidado pelo dono do jornal Estado de S. Paulo, Julio Mesquita, para cobrir como repórter a Guerra de Canudos, no sertão da Bahia, em julho de 1897.
Antes disso, ele havia tentado a carreira militar. Mas acabou expulso – por decisão de um Conselho de Guerra – ao lançar sua espada de cadete aos pés do então ministro da Guerra, Tomás Coelho.
Após a cobertura de Canudos, Euclides usufruiu da fama de um trabalho bem feito e que resultou na publicação do livro “Os Sertões” – considerado uma das mais importantes obras literárias do país.
A tragédia da Piedade
Casado com Anna Emília, filha do major Solón Ribeiro – conhecido por ser o maior conspirador da República e por ter levado a Dom Pedro II a carta exigindo que a família real deixasse o país –, Euclides conheceu, em 1909, a ira provocada pela traição. Sabendo que Anna Emília – com quem tinha três filhos – era amante do militar Dilermando de Assis, Euclides se armou de um revólver e partiu para a casa do rival no bairro da Piedade, no subúrbio do Rio de Janeiro.
Chegando ao número 214 da Estrada Real de Santa Cruz – depois Avenida Suburbana, atualmente Avenida Dom Helder Câmara -, ele fez vários disparos. Três atingiram Dilermando pelas costas e outro acabou abreviando a carreira de Dinorah, jogador de futebol do Botafogo e irmão de Dilermando. Mesmo ferido, Dilermando alvejou Euclides, que caiu gravemente ferido e ainda levou um tiro de misericórdia. Após o episódio – conhecido como a Tragédia da Piedade –, Dilermando se casou com Anna Emília, que entrou para a história como Anna de Assis.
O&N