Pedro Meira
Engraçado como aqueles que se julgam donos de mentes esclarecidas e amantes da liberdade e do respeito às instituições acham normal defender golpe militar, quando não conseguem obter o poder pelo voto, não é? Uma das coisas mais estranhas da política moderna é essa suposta oposição que intelectuais tentam estabelecer entre democracia e populismo, como se democracia não significasse o governo do povo.
Tal pretenso antagonismo apenas evidencia como as elites – políticas, financeiras e intelectuais – hoje ignoram e desprezam o povo, a gente comum. O povo na política de hoje é um ente desprezível, as pessoas deploráveis de que falava Hillary Clinton, os coletes amarelos, toda a escória que não vota como a grande mídia manda votar. As elites já não entendem nem querem entender o povo, e se ofendem quando ele não atende seus ditames.
“BOA POLÍTICA – Em geral os críticos do “populismo” esquecem que este viceja quando a autoproclamada “boa política” passa a atender exclusivamente a seus próprios interesses e dos seus financiadores, e esquece de dar ouvidos ao resto da população.
E sempre essa história de que as novas tecnologias gerarão milhões de empregos que exigirão pessoas superqualificadas. Há quantos anos a imprensa apregoa isso, enquanto nela própria os empregos começam a minguar. Onde estão esses tais novos superempregos? E porque eles seriam tantos? Em geral quanto maior a qualificação para um trabalho, menor o número de vagas.
Li um tempo atrás na revista “Superinteressante” uma matéria sobre mirabolantes novos empregos que as novas tecnologias supostamente iriam demandar, como psicólogos de máquinas com inteligência artificial. Quantos empregos desses seriam necessários? E porque os robôs não poderiam ser psicólogos uns dos outros, dispensando os humanos antes deles assumirem as vagas? A idéia de milhões de empregos com altíssima qualificação e altíssimos salários é irrealista. Esses jornalistas estão fora da realidade.
SEM SENTIDO – Sei os investidores estrangeiros amavam o PT, que faziam questão de dizer como eram amados por Obama, e outros chefes do primeiro mundo. Isso é meio inédito na esquerda. Quantos investidores internacionais gostavam de Lenin, à exceção do Armand Hammer? ou do Fidel? Ou do Chavez? E por que isso? O Lula não era o cara que se opunha à hegemonia americana, tanto que foi destruído pela CIA, como é dito todo dia nos noticiosos de esquerda? E no entanto os investidores internacionais o amavam? Algo não faz sentido aqui.
Enquanto isso, o Bolsonaro não é o grande entreguista, o cara que dar o país de bandeja aos americanos, e mesmo assim os investidores não confiam nele? Por quê? Os investidores estavam ansiosos pelos submarinos nucleares do Almirante Othon e pelos mísseis da Odebrecht que supostamente iriam peitar o poder americano? Os investidores estrangeiros não deveriam estar felizes com um país que lhe entrega facilmente suas riquezas?
Realmente, algo não faz sentido aqui.