Indiferença com os enfermeiros é descaso com a saúde pública e com o povo do Recife

Profissionais da enfermagem seguem em greve, cobrando valorização e estrutura digna. Enquanto isso, a gestão João Campos silencia diante da dor de quem cuida — e da população que precisa ser cuidada.Sindicato dos Enfermeiros trancou avenida Norte, no Recife. Foto: Seepe

Desde o dia 8 de maio de 2025, os enfermeiros da rede municipal do Recife estão de braços cruzados. Não por vontade própria, mas por necessidade extrema. Cansados da negligência institucional, da falta de insumos básicos nas unidades de saúde e de um reajuste salarial humilhante — 1,5% no salário base e R$ 1 no vale-alimentação — esses profissionais foram obrigados a parar para gritar o que o governo finge não escutar: eles também são gente. Eles também adoecem. Eles também precisam viver com dignidade.

O que se vê, porém, é uma gestão pública que segue surda e ausente. Nesta terça-feira, 13 de maio, os enfermeiros ocuparam a Câmara Municipal em busca de apoio dos vereadores. Enfrentaram um plenário vazio, como se suas dores fossem invisíveis, como se suas vozes não merecessem sequer a presença de quem foi eleito para representá-las.

“Estamos reivindicando a abertura da mesa de negociação, que neste momento está fechada. A categoria está cansada de trabalhar com falta de estrutura e desvalorização salarial. Recebemos a proposta indecente de R$ 1 de reajuste no vale-alimentação. Isso é um insulto à nossa profissão e à saúde pública”, denunciou Joana Darc, diretora do Sindicato dos Enfermeiros no Estado de Pernambuco (SEEPE).

A luta dos profissionais vai além da questão salarial: eles pedem equiparação entre jornadas de 30h e 40h, condições adequadas para trabalhar e respeito. Hoje, há enfermeiros no Recife trabalhando em contêineres há mais de um ano, lidando com falta de gaze, de esparadrapo, de medicamentos básicos. Quem sofre? Eles e a população, que fica sem atendimento — esquecida nas filas, empurrada para os hospitais superlotados.

A dor do povo não pode ser tratada com frieza administrativa

O prefeito João Campos precisa, com urgência, tomar uma atitude firme, humana e concreta. A indiferença com os profissionais de enfermagem é também indiferença com o povo do Recife, que sente na pele a ausência desses serviços essenciais. Governar não é posar para fotos nem administrar por slogans. É cuidar de gente.

Se a enfermagem para, o Recife sangra. Se a gestão não escuta, a cidade adoece. E se o poder público ignora os que cuidam, quem vai cuidar do povo?

A greve continua. A dignidade também.