Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc
Os institutos de pesquisa, historicamente, se propõem a oferecer previsões confiáveis sobre intenções de voto, medindo o pulso da população e sinalizando tendências políticas. Entretanto, este ano, a precisão dessas previsões foi amplamente questionada, com erros significativos em 99% dos resultados, segundo apontam diversas análises. A frequência e a amplitude dessas falhas indicam que algo na metodologia ou na execução pode estar comprometido.
Primeiro, há a questão da metodologia. Pesquisas de opinião dependem de técnicas estatísticas rigorosas, amostras representativas e modelos que captem as nuances regionais, socioeconômicas e culturais dos eleitores. No entanto, alguns especialistas apontam que mudanças recentes no comportamento do eleitorado e na dinâmica social, como o impacto das redes sociais, têm desafiado esses modelos tradicionais, tornando-os menos precisos.
Outro aspecto controverso é a imparcialidade dos membros envolvidos na execução e análise dos dados. Em um cenário polarizado, alguns institutos poderiam, inadvertidamente ou intencionalmente, deixar que suas próprias visões políticas interfiram nos resultados apresentados. Essa possibilidade coloca em xeque a integridade de parte do setor, gerando desconfiança no público. O debate se intensifica com os vultosos valores que circulam nesses contratos de pesquisa, suscitando especulações sobre a pressão que determinados grupos podem exercer para garantir resultados que favoreçam suas causas.
Por fim, há os interesses econômicos e a influência política. Em um ambiente onde pesquisas têm um peso estratégico nas campanhas eleitorais, é possível que alguns resultados atendam mais aos interesses de certos grupos do que à realidade dos eleitores. Esse efeito pernicioso distorce a percepção pública, favorecendo uma narrativa política conveniente para quem está por trás das pesquisas.
Essas falhas frequentes e graves nos resultados sugerem que, em vez de refletores da vontade popular, algumas pesquisas podem ter se tornado ferramentas de manipulação, impulsionadas pelo desejo de influenciar os rumos políticos. Em um cenário onde as “baforadas espumosas de raiva delirante” se espalham pelas redes e pela mídia, a credibilidade de parte desses institutos é colocada em xeque.
Resta à sociedade questionar e buscar mais transparência nos métodos e motivações desses institutos para que as pesquisas voltem a servir como instrumentos democráticos e não como peças de um jogo político orquestrado.