O que os irmãos Batista viram que o resto do mercado não viu na venda de termelétricas?

Os irmãos Joesley e Wesley Batista

Em matéria de trambiques, ninguém supera os irmãos Batista

Lauro Jardim
O Globo

A pergunta acima foi feita dezenas de vezes na segunda-feira por integrantes do setor de energia, a partir do momento em que a Eletrobras anunciou que vendeu por R$ 4,7 bilhões 13 de suas usinas termelétricas para a Âmbar, empresa da J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista.

Motivo: algumas dessas usinas fornecem gás natural à Amazônia Energia, empresa completamente quebrada e inadimplente em R$ 10 bilhões com a ex-estatal.  Por que, então, comprar termelétricas cujo único cliente, a Amazonas Energia, não paga as suas contas?

MEDIDA PROVISÓRIA – Na quinta-feira, a resposta à pergunta veio em forma de uma MP editada pelo governo. Nela, em resumo, consta que o dinheiro com que a Amazônia Energia pagará pelo gás natural virá de recursos retirados das contas de luz dos consumidores de todos os estados brasileiros nos próximos quinze anos.

Parte do mercado de energia atribui a tacada da J&F a uma “excepcional visão estratégica do grupo”, segundo o diretor de uma empresa do setor. Outro executivo admite que “o nível de risco que eles aceitam é muito grande.”

Outra parte diz que a MP reflete o resultado do relatório do grupo de trabalho criado pelo próprio Ministério de Minas e Energia, que era público.