Denise Rothenburg
Correio Braziliense
Alguns bolsonaristas de carteirinha se preparam para negociar uma trégua com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Eles acreditam que, da mesma forma que cabe aos insatisfeitos com o resultado da eleição se dedicarem a organizar a oposição de forma pacífica, o magistrado deveria também promover gestos de pacificação.
Nas rodas de conversas de um grupo de aliados do presidente, o argumento é de que só acirra os conflitos o fato de Moraes, em todas as falas, ameaçar prender manifestantes que discordam de suas decisões. Nessa linha, a tensão não se dissipará. Resta saber se o ministro aceitará.
Amigos de Moraes avisam que ele não vai rever ordens, nem deixará de tomar decisões duras diante de atos antidemocráticos. A avaliação no STF é de que, enquanto houver risco à democracia e à integridade das pessoas, como ocorreu nos atos da última segunda-feira, em Brasília, ele continuará com a corda esticada. Ou seja, a contar pelos ânimos desses dois atores — bolsonaristas e Supremo —, os próximos anos serão tensos.
EMENDAS DO RELATOR – Os congressistas aprovaram um projeto de resolução que torna mais transparentes as emendas de relator, vulgo orçamento decreto. Assim, espera-se evitar a inconstitucionalidade delas no STF, que decide o assunto nesta segunda-feira.
O futuro governo pretendia votar a PEC da Transição na semana passada. Não deu. Tem agora até terça-feira, a nova data, para tentar fechar os votos. Por enquanto, não os tem. E o presidente eleito Lula voltou a se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira, neste domingo, para tentar desenrolar a emenda.
E o ministério, hein? Os focos de disputa mais acirrados hoje são Minas e Energia e Desenvolvimento Social. Assim como a PEC, Lula vai deixar decantar mais um pouco para anunciar a sua decisão.