Megaoperação desfaz o plano de um golpe de estado da extrema direita na Alemanha

Henrich 13

Entre os 25 detidos está este aristocrata, Henrich 13

Paul Kirby
BBC News

Vinte e cinco pessoas foram presas na Alemanha sob suspeita de conspirar para derrubar o governo. Acredita-se que o grupo, formado por apoiadores da extrema direita e ex-militares, se preparava para invadir o prédio do Parlamento do Reichstag e tomar o poder.

Um aristocrata conhecido como príncipe Heinrich 13, de 71 anos, teria sido fundamental para viabilizar os planos. Segundo os promotores federais, ele é um dos dois supostos líderes entre os presos em 11 Estados alemães.

TEORIAS CONSPIRATÓRIAS – Entre os conspiradores, há integrantes do movimento extremista Reichsbürger (Cidadãos do Reich), que há muito está na mira da polícia alemã devido a ataques violentos e teorias de conspiração racistas e antissemitas. Eles também se recusam a reconhecer o Estado alemão moderno.

Outros suspeitos vieram do movimento QAnon que acreditam que seu país está nas mãos de um mítico “Estado oculto”. Na visão deles, poderes secretos controlariam a política.

A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, garantiu aos alemães que as autoridades responderiam com toda a força da lei “contra os inimigos da democracia”. Estima-se que 50 homens e mulheres teriam feito parte do grupo, supostamente conspirando para derrubar a república e substituí-la por um novo Estado modelado na Alemanha de 1871 — um império chamado Segundo Reich.

SEM INFORMAÇÕES  – “Ainda não temos um nome para esse grupo”, disse uma porta-voz do Ministério Público Federal. O ministro do Interior disse que aparentemente era composto por uma organização “conselho” e um braço militar.

A megaoperação, ocorrida na madrugada desta quarta-feira (7/12), está sendo descrita como uma das maiores operações anti-extremismo da história moderna da Alemanha.

Três mil policiais participaram de 150 operações em 11 dos 16 Estados da Alemanha, com duas pessoas presas na Áustria e na Itália. Quase metade das prisões ocorreu nos Estados do sul de Baden-Württemberg e Baviera. Mais de 3 mil policiais participaram das operações em 130 propriedades em toda Alemanha

ATAQUE ARMADO – O ministro da Justiça alemão, Marco Buschmann, tuitou que um suposto “ataque armado contra órgãos constitucionais foi planejado”.

Faeser disse mais tarde que a investigação analisaria a “profundidade de uma ameaça terrorista no Reichsbürger (como são conhecidos os indivíduos de extrema-direita que rejeitam a legitimidade do estado moderno alemão)”.

O Ministério Público Federal disse que o grupo planejava um golpe violento desde novembro de 2021 e membros de seu “Rat” (conselho) central desde então realizavam reuniões regulares. Os membros do grupo pretendiam atingir seus objetivos por “meios militares e violência contra representantes do Estado”, que incluía assassinatos.

PATRIOTAS UNIDOS – Acredita-se que os investigadores tenham ficado sabendo do grupo quando descobriram um plano de sequestro em abril passado envolvendo uma gangue que se autodenominava “Patriotas Unidos”.

Eles também faziam parte dos planos e supostamente planejaram sequestrar o ministro da Saúde, Karl Lauterbach, ao mesmo tempo em que criavam “condições de guerra civil” para acabar com a democracia na Alemanha.

Um ex-membro de extrema-direita da AfD da Câmara Baixa (Câmara dos Deputados) do Parlamento, o Bundestag, é suspeito de fazer parte da conspiração – ele seria indicado como ministro da Justiça do grupo caso os planos fossem bem sucedidos.