A hora da onça beber água. Por CLAUDEMIR GOMES

Por CLAUDEMIR GOMES

Quando estava desempenhando a função de comentarista na Rádio Clube de Pernambuco, gostava de um grito de alerta que, vez por outra, o narrador, Bartolomeu Fernando fazia ecoar: “Chegou a hora de ver quem tem garrafa pra vender!”. A partir daí as atenções de todos se redobravam no jogo. Era o momento crucial onde tudo podia acontecer, inclusive nada.

Pois bem! É chegado o momento de se ver “quem tem garrafa pra vender” na Copa do Catar. Quatro campeões do mundo seguem credenciados na briga pelo título: Brasil, Argentina, França e Inglaterra. Portugal, que antes não aparecia com grande cotação nas bolsas de apostas, é a grata surpresa da competição até o momento. Croácia e Marrocos apostam no jogo defensivo, e se lograrem êxito com tal estratégia, prestarão um desserviço ao futebol. Afinal, Copa do Mundo é um protótipo que todos passam a copiar quem obtém sucesso. A Holanda, com um time bem equilibrado, espera pincelar a galeria dos campeões com sua vibrante cor laranja.

Os números dão o norte! Isto é fato. Mas as estatísticas precisam ser analisadas com mais profundidade. Afinal, a competição chegou a um estágio onde os treinadores buscam diferenças até nas filigranas. Qualquer detalhe pode ser fatal.

Inglaterra e Portugal possuem os ataques mais positivos. Cada uma das seleções chegam as quartas de final com a expressiva marca de 12 gols. Uma média de 3 gols por partida. Mas vale observar que, metade dos gols marcados pelo time inglês foi contra um único adversário, o Irã, a quem venceu no jogo de estreia por 6×2. Portugal também marcou 6 gols na Suíça, nas oitavas de final, numa apresentação onde a harmonia e a força do conjunto foram o ponto alto de uma equipe que não tem dependência de nenhuma peça individualmente.

A Croácia, atual vice-campeã, marcou cinco gols, sendo quatro num único jogo, contra o Canadá, a quem venceu por 4×1 na fase de classificação. Nas oitavas de final empatou em 1×1 com o Japão a quem eliminou na decisão por pênaltis: 3×1. Marrocos, que pela primeira vez chega as quartas de final, tem o pior ataque entre as oito seleções classificadas: quatro gols. Em contrapartida, tem a defesa menos vazada com um gol. Croácia e Marrocos, ambos têm um saldo de três gols. Enfim, os números mostram que são os “azarões” a serem espantados.

Brasil, Argentina e França tiveram suas cotações aumentadas após as boas apresentações que fizeram nas oitavas de final, onde venceram e convenceram. Tal fato torna totalmente imprevisível o resultado do clássico a ser disputado por ingleses e franceses, sábado à tarde.

Argentina e Holanda irão reviver a final do Mundial de 78, quando os argentinos conquistaram o primeiro título com uma vitória por 3×1. Sempre evito comparações. Afinal, cenário, momento e jogadores são outros. Existe apenas o registro histórico. O mundo mudou nesses 44 anos que separam os dois confrontos. Messi vem fazendo a diferença como um dos melhores jogadores desta edição do Mundial, até o momento. Os argentinos apostam no craque como ponto de desequilíbrio.

Os 7×1 que a Seleção Brasileira tomou da Alemanha, na Copa de 2014, deixou o torcedor brasileiro ressabiado. Há sempre uma dúvida, um questionamento. O grupo é bom e Tite o tem nas mãos. Evidente que, isto não nos assegura o título, mas agrega, fortalece.

O futebol da França tem brilhado aos olhos de todo mundo. Mbappé parece insustentável no alto de sua juventude, mas o jogador que mais me chama a atenção no conjunto francês é Griezmann. Não tenho dúvidas que, o duelo de Griezmann, com o inglês, Harry Kane, próximo sábado, será um dos momentos mais sublimes deste mundial. Detalhe: o vencedor dará um salto substancial na corrida pelo título.

Pois é meu caro Bartolomeu Fernando!

Chegou a hora da onça beber água.