Escritor brasileiro Rafael Gallo vence Prémio José Saramago 2022

O escritor  foi distinguido pela obra Dor Fantasma, que será editada no Brasil e publicada em Portugal. Recebeu ainda 40 mil euros.

Pilar del Rio, o vencedor Rafael Gallo e o ministro da Educação, João Costa na cerimónia.

Pilar del Rio, o vencedor Rafael Gallo e o ministro da Educação, João Costa na cerimónia.

© Paulo Alexandrino/Global Imagens

O escritor brasileiro Rafael Gallo, com o pseudónimo de Pestana, foi o vencedor da 12.ª edição do Prémio Literário José Saramago, com a obra Dor Fantasma. A cerimónia de entrega do prémio realizou-se esta segunda-feira e teve lugar no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, na mesma sala onde o escritor José Saramago foi homenageado depois de receber o Nobel da Literatura em 1998.

Em ano de regresso, após pausa de dois anos decretada pela pandemia, a presidente do júri Guilhermina Gomes afirmou que foram apresentadas centenas de candidaturas, sendo que 40% dos autores nesta edição eram mulheres.

“Para mim, foi inacreditável. Quando eu recebi a chamada não atendi logo. Depois, como o número era muito diferente, fui pesquisar e fiquei mal porque era de Portugal. Pensei: não é possível que seja do Prémio. E quando me disseram que tinha vencido, caí assim de joelhos e comecei a chorar. Foi tanta emoção. Foi um sonho realizado”, explicou o escritor brasileiro aos jornalistas, depois da cerimónia, que aconteceu na mesma semana do Centenário de Saramago.

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Prémio Literário José Saramago
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Porto Editora and Fundação José Saramago
O escritor Rafael Gallo recebeu 40 mil euros e a sua obra será editada no Brasil pela Globo Livros. Em Portugal, vai ser publicada pela Porto Editora.

Este ano houve alterações nas regras do concurso, incluindo autores até 40 anos e sendo apenas para obras ainda não publicadas. “Subir a idade fez algum sentido, não é todas as décadas que surge uma geração forte. Essas gerações aparecem uma vez de 40 a 40 anos. Os escritores têm tendência também a amadurecer a sua escrita”, disse João Tordo, membro do júri e vencedor do Prémio Literário José Saramago em 2009.

Numa mistura entre a literatura e a músicaDor Fantasma segue a história de um pianista clássico e sua procura pela perfeição. O protagonista tem como objetivo aprender uma música que considera intocável. A sua obsessão leva-o a rejeitar a família, dedicando-se sempre ao piano. No entanto, quando a personagem principal sofre um acidente e fica sem a mão direita, deixa de conseguir tocar.

“Este romance tem uma história difícil. Demorei seis anos a escrevê-lo. Passou por editores que não o quiseram e por outros que não gostaram. Eu lutei e fiz várias alterações. Foi um processo pessoal, fiz muitas alterações na minha vida e isso reflete-se. É muito especial e estou muito ansioso por tê-lo publicado”, referiu.

O escritor aproveitou o seu discurso para fazer um posicionamento político em relação ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, monstrando-se feliz pelo final desse período no Brasil. “Eu acho importante que o cidadão tenha um posicionamento político, ainda mais hoje em dia”.

“Nós avaliamos as obras completamente às cegas. E o vencedor era o único que tinha todos os condimentos de um romance”, disse João Tordo, membro do júri.

Rafael Gallo nasceu em São Paulo, Brasil, em 1981. Escreveu o romance Rebentar, livro vencedor do Prémio São Paulo de Literatura e o livro Réveillon e Outros Dias, com o qual ganhou o Prémio Sesc de Literatura.