Ao assumir, Lula receberá um pais dividido, que precisa de novas lideranças políticas

TRIBUNA DA INTERNET

Charge do Duke (O Tempo)

Merval Pereira
O Globo

Com o fim das eleições, já é hora de analisar as alternativas que se oferecerão ao eleitorado diante da realidade de que, como disse Antonio Gramsci, “o velho está morrendo, e o novo ainda não pode nascer”.

Com a vitória de Lula, o PT estará diante do fim de uma era sem que esteja claro se haverá algum líder para levar adiante o partido ou se ele se transformará em mais um que vive do passado, às vezes renegando-o, como o PTB de Roberto Jefferson, outras o emulando sem inspiração, como o PDT de Leonel Brizola.

O HERDEIRO? – Fernando Haddad é a aposta mais forte num futuro petista mais aberto a novas tendências, mesmo derrotado para governador de São Paulo. Será um ministro importante no governo Lula, especula-se talvez mesmo sendo escolhido para o Ministério da Fazenda.

O futuro presidente já disse que quer dar a pasta a um político, e não há no partido político melhor do que Haddad para ajudar a fazer um governo que vá além do PT. A outra possibilidade, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, esbarra na falta de influência na máquina petista.

Em 2oo2, Antonio Palocci, que também é médico como Padilha, tinha influência. Por isso foi capaz de escolher Henrique Meirelles para o Banco Central e tucanos para sua assessoria, controlando as reações dos petistas radicais. O senador Jaques Wagner é outro político que poderia exercer essa função crucial para um futuro governo Lula, pois é reconhecido como hábil negociador.

OPOSIÇÃO – No campo da extrema-direita, a oposição a Lula terá a liderança personalista de Bolsonaro, que terá de esperar mais quatro anos para se candidatar novamente.

O governador reeleito de Minas, Romeu Zema, do Novo, é um desses nomes que podem liderar uma ala da centro-direita que apoia Bolsonaro por falta de opção.

Outro candidato importante será Tarcísio de Freitas, como governador de São Paulo. Eleito, ele terá pista livre para abrir seu próprio caminho a partir do estado mais rico da Federação, assim como Zema, que lidera o segundo maior colégio eleitoral do país.

E há Eduardo Leite, reeleito governador no Rio Grande do Sul.

MARINA E TEBET – O ex-presidente Lula contou com participação fundamental na sua campanha de duas mulheres: a ex-ministra Marina Silva, com um aval importante à questão do meio ambiente, e Simone Tebet, que virou a grande estrela da corrida presidencial.

Tebet fala muito bem, é assertiva, floresceu na campanha. Não teve uma votação digna no primeiro turno, e hoje muita gente deve estar se lamentando porque ela realmente mostrou que poderia ser uma grande candidata.  Ajudou muito Lula, deve ter participação no governo petista e se mostra uma possibilidade futura de liderança renovada, que é o de que estamos precisando.

Sairemos desta eleição com o fim de uma era, precisaremos de novos líderes e estamos numa entressafra.