Favoritismo brasileiro. POR CLAUDEMIR GOMES

POR CLAUDEMIR GOMES

 Não gosto de ufanismo. Aliás, este é um defeito que a maioria dos radialistas e jornalistas esportivos brasileiros carrega consigo. Isso de achar que o futebol brasileiro é o mais, mais, é uma herança dos anos 50, 60 e 70, do século passado, quando os craques brotavam nos nossos campos feito banana, de cacho. Mas os tempos mudaram, e não é mais assim que a banda toca.

Apesar da cautela, e partindo do princípio de que o “futebol também segue uma lógica”, podemos nos arvorar, e afirmar, diante da formatação das semifinais, que o título em disputa da Libertadores da América é coisa nossa. O desempenho dos times nas quartas de final nos leva a tal sentimento.

O argentino, Vélez Sarsfield, o estranho no ninho entre os brasileiros, Flamengo, Palmeiras e Atlético Paranaense, está pronto para roubar a cena. A equipe do técnico, Alexander Medina, que começou a temporada dirigindo o Internacional, de Porto Alegre, segue a “velha” receita da Escola Portenha, que tem a garra como elemento primordial para alcançar o sucesso. Seu time em campo parece ter sangue nos olhos. O time de Buenos Aires será o adversário do Flamengo nas semifinais. Se passar dará um salto gigantesco para pôr as mãos na taça.

O Flamengo de Dorival Júnior, dentre os quatro semifinalistas, é o que vive o melhor momento. Detalhe: possui o grupo mais homogêneo, e de melhor qualidade no futebol sul-americano. Depois de um semestre inteiro de desencontros, o rubro-negro carioca voltou a dar liga nas mãos de um treinador que parecia pouco provável a levar o time a se reencontrar dentro das quatro linhas. Pode-se dizer que o acerto veio por linhas tortas. O fato é que o Flamengo está nas quartas de final da Copa do Brasil; contabilizou cinco vitórias nas últimas rodadas do Brasileiro, e passou com moral (duas vitórias), pelo Corínthians, para chegas as semifinais da competição continental. Pelo elenco que possui, e a harmonia que tem apresentado em campo, é o time mais credenciado para levantar o título.

Palmeiras e Atlético Paranaense medirão forças no outro duelo das semifinais da Libertadores. O time paulista foi o único dos semifinalistas que não venceu nas quartas de final. Empatou os dois jogos com o Atlético Mineiro e avançou na competição numa disputa por pênaltis onde venceu por 6×5. É notória a saturação no elenco do Palmeiras. Diria que são os efeitos de um calendário maluco, e até desumano. Apesar da fadiga, o time paulista está mais credenciado para ir a uma final com o Flamengo. Evidentemente que, isto acontecerá se a “lógica” não for contrariada.

O Atlético Paranaense, do técnico Felipão, corre por fora como um grande “azarão”. No confronto com o Estudiantes de La Plata, nas quartas de final, marcou o gol da vitória nos acréscimos do segundo tempo. O Atlético/PR está disputando as quartas de final da Copa do Brasil com o Flamengo; luta para se manter entre os quatro primeiros colocados na tabela do Brasileirão e se classificou para as semifinais da Libertadores. Pode se perder pelo caminho por conta da carência de um maior, e melhor, elenco. O time de Felipão tem como marca registrada uma pegada forte, mas precisa ser mais eficiente nas finalizações.

“O futebol tem certa lógica”, como nos ensina o mestre, José Joaquim Pinto de Azevedo, mas não aguenta desaforos provocados pelo ufanismo.