Ao invés de inflação, Brasil tem deflação e os “analistas” deveriam pedir desculpas 

Imagem ilustrativa da notícia Queda na inflação não se reflete no preço dos alimentos

Charge do Emerson Coe (Diário Online)

J.R. Guzzo
Estadão

Os professores de economia da universidade, os jornalistas econômicos e os analistas dos grandes bancos, mais o aglomerado de fornecedores de opinião que normalmente são escolhidos para dar entrevistas sobre o assunto, passaram o ano inteiro garantindo que a inflação estava “fora de controle” no Brasil.

Caso perdido, diziam todos. Em 2022 o Brasil iria ter inflação de “dois dígitos”, pelo menos, ou só Deus sabe lá quanto; estava tudo em ruínas, por causa de erros imensos na gestão da economia nacional e outras desgraças.

DEFLAÇÃO? – O tempo passa, o mundo gira e quando chega o mês de julho constata-se, no universo das realidades, que está acontecendo exatamente o contrário do que os “especialistas”, os seminários e as mesas redondas anunciavam – a inflação, no mês, recuou 0,7%. Quer dizer: houve deflação, e não inflação “fora do controle”. É difícil errar mais do que isso.

Fora de controle, realmente, estão os economistas que são tratados como “formadores de opinião” e vivem por aí falando na mídia que o fim do mundo chegou, e a culpa é do governo.

Não fazem, na verdade, nenhum tipo de análise que valha alguma coisa; apenas praticam macumba ideológica em suas previsões de desgraça. O resultado é a apresentação ao público de um mundo que não existe.

BOM DESEMPENHO – O Brasil deve fechar o ano de 2022, de ponta a ponta, com a inflação pouco acima dos 7% anuais. Não é a calamidade que foi prometida – é, ao contrário, um dos melhores índices mundiais no controle à doença inflacionária, especialmente quando se leva em conta as pressões extraordinárias de dois anos de covid e da guerra entre Rússia e Ucrânia.

O fato é que o Brasil terá em 2022 uma inflação menor que os Estados Unidos: lá, serão pelo menos 8,5%, podendo ser mais. A mesma coisa vai acontecer na Alemanha e outros santuários das “boas políticas” econômicas.

Alguém, alguma vez, já ouviu falar uma coisa dessas – que a inflação no Brasil é menor que a inflação nos Estados Unidos ou na Alemanha?

SEM DESTAQUE – O anúncio da calamidade inexistente era feito nas manchetes e no horário nobre. O fato real da inflação em recuo é sepultado nos confins mais distantes do noticiário. É a história de sempre: os “especialistas” acham que o mundo se comporta conforme eles desejam, e não como as coisas são na realidade objetiva. Pior, então, para a realidade objetiva.

Cancelam-se os fatos – ou se aprofundam os esforços, cada vez mais cômicos, para embaçar os números que os comunicadores e seu entorno consideram antidemocráticos. É por isso que anunciam: “A inflação caiu, mas ainda está alta”, ou “caiu, mas pode subir de novo”, ou “caiu, mas foi por sorte”, e por aí afora, com esse “mas” eterno.

Não adianta nada, mas todos acham, ao fazer essas piruetas, que estão cumprindo os seus deveres com a “resistência” à extrema-direita. Vamos continuar assim, é claro.