Ouro ilegal da Amazônia é ligado a quatro big techs, aponta PF e MPF

Empresas acusadas de garimpo ilegal constam na lista de fornecedores da Apple, Amazon, Google e Microsoft

Ouro extraído ilegalmente da região da floresta amazônica brasileira pode estar ligado às grandes empresas de tecnologia do mundo. Uma refinaria italiana comprou o minério de um comerciante que adquiria o ouro ilegalmente, de acordo com a Polícia Federal, e forneceu o metal para Amazon, Apple, Microsoft e Alphabet, dona da Google.

As quatro big techs têm registros públicos de ligação com a Chimet, empresa italiana que fornecia o ouro para os produtos das companhias. O metal precioso é usado em pequenas quantidades para placas de circuito em bens eletrônicos de consumo.

A empresa italiana é listada pelas big techs como uma das mais de 100 refinarias de ouro em suas cadeias de suprimentos durante os cinco anos da investigação. Ela estava inclusa ainda nos dados mais recentes, de 2021. Mas, não é um relacionamento direto. A italiana vende o ouro para bancos, que revendem para diversos usos.

A acusação afirma que a Chimet comprou US$ 385 milhões (cerca de R$ 2,1 bilhões) em ouro da empresa CHM do Brasil, entre 2015 e 2020. Essa companhia brasileira teria adquirido o minério ilegalmente de garimpeiros. À agência internacional de notícias Reuters, a empresa afirmou que tem a documentação do ouro.

A Chimet diz que, após tomar conhecimento da investigação, contratou uma empresa de contabilidade, a Deloitte, para realizar uma auditoria. A CHM não estava registrada no Banco Central do Brasil como entidade autorizada a comprar e vender ouro.

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O garimpo ilegal aumentou bastante no Brasil desde 2019. Imagem: Neil Lockhart/Shuteterstock

Essa companhia adquiriu o precioso metal da cooperativa Cooperouri, que tem permissão para minerar em uma área próxima à reserva indígena Kayapó. Mas, a polícia encontrou evidências de que tanto a CHM quanto a cooperativa compravam ouro também de garimpeiros independentes e sem licença.

Sem falar diretamente da Chimet, a Apple disse, em comunicado, que suas políticas proíbem o uso de minerais extraídos ilegalmente. Amazon, Alphabet e Microsoft se recusaram a comentar.

“O Google requer que fornecedores sigam nosso Código de Conduta do Fornecedor e busquem minérios apenas de empresas certificadas e livres de conflito, como as auditadas pelo Processo de Garantia de Minerais Responsáveis (RMAP, na sigla em inglês) da Iniciativa Minerais Responsáveis (RMI – antes conhecida como Iniciativa de Fornecimento Livre de Conflitos), ou outro programa de avaliação de terceiros”, informou a Comunicação do Google.

Big techs Amazon, Apple e Microsoft e o ouro ilegal da Amazônia

Desde 2019, quando o presidente Jair Bolsonaro assumiu o governo brasileiro, a mineração ilegal aumentou, com a destruição de terras da floresta amazônica e poluição de rios, além da violência contra tribos indígenas. Segundo o Instituto Escolhas, o país produziu 84 toneladas de ouro ilegal nos primeiros dois anos do mandato, um aumento de 23% em relação aos dois anos anteriores.

Via: Reuters