Brasil ainda caminha nas trevas, em meio a disputas ideológicas absolutamente inócuas

Charge do João Montanaro (Folha)

Carlos Newton

Sei que está ficando cada vez mais difícil. As eleições se aproximam e a internet se consolida como o mais importante instrumento político. Justamente por isso, espaços de debate como a “Tribuna da Internet” passam a ser disputados com sofreguidão. E o resultado, todos já sabem, é a superpovoação por robôs de todos os tipos, que defendem seus candidatos com uma paixão verdadeiramente incontrolável.

A situação é desagradável, porque a TI é um blog diferente, que não existe para defender esta ou aquela tese ideológica ou partidária. Pelo contrário, não opta por nenhuma delas – apenas deixa o espaço livre para que ocorra a troca de opiniões. Ou seja, é uma espécie de chat ou cibercafé, para ser livremente desfrutável.

VIVA A DEMOCRACIA – Há anos que venho explicando aqui minha condição pessoal, como criador e editor. O que defendo – e não abro mão – é a democracia. Este ponto é sagrado. Trata-se de um dogma que precisa ser consensual. Se você não aceita a democracia, é melhor não trafegar nem estacionar por aqui, onde jamais haverá pensamento único nem tirania.

Entendo que doutrinas rivais – tipo capitalismo e comunismo – são teses ultrapassadíssimas, repletas de defeitos. Hoje em dia, o melhor caminho é o do meio, como pregava Sidarta Gautama, 500 anos antes de Cristo. Ou seja, a social-democracia, no estilo dos países nórdicos, é o único modelo, não há mais dúvida.

A meu ver, os princípios basilares das sociedades devem ser o direito à vida e o direito a oportunidades iguais. Isso significa que a assistência médica tem de ser universal, com a mesma possibilidade de tratamento para todas as camadas sociais. Da mesma forma, a educação precisa ser igualitária, para que o filho do porteiro possa ter oportunidade de estudar como se fosse filho do dono do prédio.

TUDO ISSO JÁ EXISTE – Há países desenvolvidos que já praticam a assistência médica universal e a educação igualitária. O jogador Raí, por exemplo, ficou encantado quando descobriu que sua filha estudava em Paris na mesma escola do que a filha de sua empregada – eram colegas de sala.

É certo que, sem garantir saúde e educação para todos, o Brasil não irá longe. Será uma nação eternamente dividida, em guerra civil não declarada, porque a miséria absoluta jamais conviverá pacificamente com a riqueza total. Para se livrar da violência, todos viverão atrás das grades, não importa se ricos, pobres ou classe média, enquanto os criminosos permanecem soltos.

Mas vejo uma luz no final do túnel. A população logo começará a diminuir, se não aceitarmos imigrantes em demasia. Isso significará menos desemprego e melhor qualidade de vida. Quem viver, um dia verá.