Realizado por Camilo Soares e Orun Santana, a obra será exibida na próxima sexta-feira, às 20h
O Concurso de Roteiros para Documentários Rucker Vieira, realizado pela Fundação Joaquim Nabuco desde 2003, por meio da Massangana Audiovisual, continua a dar importantes frutos para o audiovisual brasileiro. Um dos mais recentes deles, o documentário “Céu de Lua, Chão de Estrelas”, dirigido por Camilo Soares e Orun Santana, um dos vencedores da última edição da premiação, fará sua estreia na próxima sexta-feira, às 20h, no Cinema da Fundação/Museu. O projeto foi contemplado na 14ª edição do Rucker Vieira, que teve como tema “As Múltiplas Faces do Brasil”.
Os 26 minutos do projeto são desenvolvidos a partir do corpo e da dança de Orun Santana, se inspirando no seu celebrado espetáculo teatral, Meia-Noite, no qual o diretor e dançarino desenvolve um encontro com sua história pessoal, sua periferia, o bairro de Chão de Estrelas e, mais especificamente, o Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, idealizado pelo mestre Meia-Noite e Vilma Carijós, pais do artista.
Contudo, não se trata de uma adaptação, mas um projeto que busca observar, documentar e escrutinar o que não se vê no palco, se desenvolvendo no próprio solo do Chão de Estrelas. “O projeto começou quando Camilo foi assistir ao Meia-Noite e tivemos um encontro para conversar sobre essa ideia de transformá-lo em um documentário artístico que tenha a ver com a linguagem do espetáculo. Também percorremos o caminho dele, a partir dessa minha relação histórica, pessoal e ancestral que se ancora no Chão de Estrelas, no Daruê Malungo e no meu pai. Nesse nosso encontro, vimos um caminho de fazer esse documentário artístico, que pensa através de outro lugar estético e poético que vai além do registro. A partir da dança e do roteiro performático do palco, construímos um roteiro cinematográfico, que resultou nessas imagens de Céu de Lua, Chão de Estrelas”, relata Orun Santana, co-diretor.
Já Camilo Soares descreve o projeto como “um documentário aberto ao que vozes e corpos falam sobre seus espaços e ancestralidades”. Agora é a hora de ver o resultado desses esforços, que puderam ser levados a frente com o apoio fundamental do concurso, encontrar o público. “O cinema só existe nos olhos do público, então é maravilhoso que a Fundaj nos dê essa oportunidade de fazer uma pré-estreia de um documentário numa sala de cinema de qualidade”, afirma Soares.
“Céu de Lua, Chão de Estrelas” é um dos quatro documentários produzidos e lançados por meio do concurso nos últimos dois anos. Nesse período, foram premiados roteiros de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. “É motivo de muito orgulho para a Fundação Joaquim Nabuco, por meio da Massangana Audiovisual e do Cinema da Fundação, incentivar e promover a cadeia produtiva do Cinema Nacional, atividade cada dia mais essencial para o futuro do Brasil”, afirma Pedro Coelho. Ainda neste ano, está prevista a realização de uma mostra retrospectiva dos filmes premiados pelo concurso, na ocasião do lançamento do próximo edital.
Sobre o concurso
O Concurso de Roteiros para Documentários Rucker Vieira teve sua primeira edição realizada em 2003 e já passou por 14 edições de lá pra cá, possibilitando a produção de dezenas de documentários realizados por uma pluralidade de vozes e origens. O prêmio leva o nome do emblemático fotógrafo e cineasta pernambucano, referência nacional dentro do campo do documentário. Em cada edição, são selecionados dois projetos de documentário, que recebem recursos para sua realização. Eles são escolhidos por uma comissão julgadora formada por um membro representante da TV Brasil (EBC), um da área de Audiovisual da Fundação Joaquim Nabuco, ou indicado, e três especialistas nacionais com experiência comprovada na área, sendo dois representantes da sociedade civil.