Ex-cabo é acusado de contribuir para a morte de mais de 3 mil pessoas durante a Segunda Guerra Mundial
Começou nesta quinta-feira (7) o julgamento de Josef Schuetz, ex-guarda de um campo de concentração. Ele tem 100 anos de idade. A audiência ocorre em Brandenburg an der Havel, no leste da Alemanha.
Stefan Waterkamp, advogado do réu, disse que ele não se pronunciaria sobre os fatos pelos quais era acusado e “daria somente informações sobre sua situação pessoal”.
Ex-cabo da divisão “Totenkopf” (caveira), Josef Schütz é acusado de contribuir para a morte de mais de três mil pessoas durante a Segunda Guerra Mundial. Ele atuava no campo de concentração de Sachsenhausen, próximo a Berlim, entre 1942 e 1945. Com 21 anos na época, ele é suspeito de ter fuzilado prisioneiros soviéticos e de “ajuda e cumplicidade em assassinatos por gás” do tipo Zyklon B.
Quando foi questionado sobre o seu nome e a sua situação pessoal, o idoso respondeu claramente ao presidente do tribunal. Ele disse que mora na região de Brandenburg, perto de Berlim, que é viúvo desde 1986 e declarou com orgulho que vai “comemorar o 101º aniversário em 16 de novembro”.
Devido à idade avançada do réu, que se cansa rapidamente, a audiência durou uma hora. Foi a primeira dentre 22 audiências. A sessão foi dedicada à leitura de parte das 134 páginas do documento de acusação por parte do promotor Cyrill Klement.
Nos últimos 10 anos, a Alemanha julgou e condenou quatro ex-membros das SS, ao ampliar para os guardas dos campos e para outros executores das ordens nazistas a acusação de cumplicidade por assassinato. O objetivo com isso é demonstrar a severidade da justiça, considerada tardia pelas vítimas.
– Josef Schutz “não é acusado de atirar contra alguém em particular, e sim de ter contribuído para estes atos por seu trabalho como guarda e por ter conhecimento de que os assassinatos aconteciam nos campos – explicou a porta-voz do Ministério Público de Neuruppin, Iris le Claire.
Em julho de 2020, um tribunal condenou a dois anos de prisão com suspensão condicional da pena um ex-guarda do campo de Stutthof, Bruno Dey, de 93 anos. Outros oito casos de ex-membros das SS são examinados por diferentes tribunais do país. Schutz é o réu mais velho.
A previsão é de que o julgamento continue até janeiro.