O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, recebeu nesta sexta-feira (10) em São Paulo o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Anderson Torres.
Por Márcio Falcão e Délis Ortiz
Alexandre de Moraes atendeu a um pedido de Torres para o encontro, que durou mais de quatro horas.
O ministro é o integrante do STF mais atacado pelo presidente Jair Bolsonaro. Nos atos políticos dos quais o presidente participou na última terça (7) em Brasília e São Paulo, Bolsonaro o chamou de “canalha”, disse que não mais cumpriria decisões dele e ameaçou o presidente do STF, Luiz Fux: “Ou o chefe desse poder enquadra o seu [Moraes] ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”.
Alexandre de Moraes é o ministro responsável pelo inquérito em tramitação no Supremo que apura a organização de atos contra a democracia. Com base nesse inquérito, ele já determinou a prisão de aliados do presidente da República e de militantes bolsonaristas, o que provocou contrariedade em Bolsonaro.
Para solicitar o encontro com o ministro do STF, Torres aproveitou uma viagem a São Paulo para uma visita à Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo. Na Febraban, ele discutiu a criação de uma estratégia nacional de combate a crimes cibernéticos. Mas na semana passada a Febraban se tornou alvo do governo, que ameaçou desfiliar a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil da entidade devido à adesão da federação dos bancos a um manifesto pela democracia.
Sobre o encontro com Moraes, Torres afirmou que foi uma “conversa republicana” que “precisa e deve ser conduzida pelo Ministério da Justiça” e teve por objetivo “o futuro das boas relações institucionais do Brasil”.
Nesta quinta-feira, Bolsonaro se retratou das agressões e insultos a Alexandre de Moraes, por meio da divulgação de um texto intitulado “Declaração à Nação”. O texto, assinado por Bolsonaro, foi redigido pelo ex-presidente Michel Temer, que foi chamado para um encontro com o presidente no Palácio do Planalto.
Na “Declaração à Nação”, Bolsonaro diz que nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes”. Segundo ele, apesar das “qualidades” de Moraes como jurista e professor, as “divergências” decorriam de “conflitos de entendimento” com o ministro.